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“Pintou um clima”: comissão pede proteção para meninas venezuelanas após declaração de Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro durante entrevista a podcast
Foto: Reprodução

A Comissão de Direito Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal entrou com representação junto à Defensoria da Infância e Adolescência pedindo uma medida protetiva para três adolescentes venezuelanas citadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), durante uma entrevista que viralizou nas redes sociais no final semana, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

O pedido foi enviado após a divulgação de que a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) visitariam a família que vive em São Sebastião, no Distrito Federal.

“Nossa preocupação é com a integridade física da família de refugiados, dada a precarização da situação dela no país”, disse o presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado distrital Fábio Félix (PSOL).

A presença da imprensa e de assessores da Presidência da República na unidade de São Sebastião da Cáritas, entidade que presta apoio aos refugiados, motivou a mobilização de entidades de proteção à infância no DF. Segundo Félix, “a simples presença de funcionários da presidência, fazendo uma visita precursora antes de uma eventual ida da primeira-dama ao local, já é uma situação de intimidação”.

Após a repercussão da fala do presidente, em que disse que “pintou um clima” no encontro com “menininhas bonitas de 14, 15, anos” e que elas estavam “ganhando a vida”, sugerindo uma situação de exploração sexual, a família não foi mais localizada na região.

A mãe, as duas filhas e uma sobrinha teriam se mudado há dez dias do local onde receberam a visita do presidente em abril, conforme o relato dele na entrevista. Uma das venezuelanas visitadas por Bolsonaro repudiou a fala do presidente.

Um assessor da Comunicação Social da Presidência da República informou a Cáritas, na noite de domingo, por telefone, que a visita da primeira-dama não era mais cogitada.

“Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas num sábado, numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei, ‘posso entrar na tua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, [num] sábado de manhã, se arrumando —todas venezuelanas”, disse Bolsonaro em entrevista ao podcast, na sexta-feira (14).

“Eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos se arrumando num sábado para quê? Ganhar a vida. Você quer isso para a tua filha, que está nos ouvindo aqui agora? E como chegou neste ponto? Escolhas erradas”, concluiu.

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Beatriz Castro

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