
“Piranha”.
Foi assim que o deputado Nikolas Ferreira se referiu a uma cidadã do país em que ele figura como deputado federal.
O contexto:
A mulher postou que Glaycon Raniere de Oliveira Fernandes, primo do deputado, foi preso em flagrante em maio deste ano, quando transportava cerca de 30,2 kg de maconha e 3,82 g de cocaína.
A prisão foi posteriormente convertida em preventiva pela Justiça.
Como todo covarde, Nikolas declarou publicamente que “quem é preso com drogas merece cadeia” — o famigerado “tirar o seu da reta”.
E aí fica parecendo que gente podre como ele realmente se importa com justiça.

Deputado, se o senhor se importasse com justiça, não seria do partido de um presidiário.
E só pra lembrar: transfobia também é crime, portanto, se este fosse um país sério, você estaria na cadeia.
Outro ponto é que, ao chamar uma cidadã de “piranha”, você cospe na cara do decoro parlamentar, que você tem obrigação de respeitar.
Decoro, aliás, não é o forte de Nikolas; pelo contrário, ele vive de perseguições e baixarias na internet e no próprio Congresso.
Mas o que esperar de quem usa uma peruca loira pra insultar mulheres transexuais?
O ódio de Nikolas Ferreira pelas mulheres é gratuito e nocivo — e o pior: ele não faz questão de esconder, porque tem total certeza da impunidade.
É isso que chamamos de machismo institucional: quando a misoginia é normalizada a ponto de um deputado ter coragem de injuriar uma mulher na internet ou mesmo no Congresso Nacional.
Não é exagero dizer que a família Ferreira está bem servida no que se refere a criminosos, mas só o primo pobre vai pra cadeia. A diferença, no entanto, é que os crimes de Nikolas são aceitos e televisionados.
Em um país que tolera criminosos no poder, não há justiça — há conveniência pra quem tem as costas quentes.
Que o deputado patético seja investigado e julgado — porque, pra ele, existe ampla defesa em um país que mata gente preta como se houvesse pena de morte no Brasil (porque, na prática, há).
Então, meu querido, sim, quem é pego com drogas tem de ir pra cadeia, mas quem injuria mulheres e transexuais também — e talvez seja justo que você apodreça na cadeia por mais tempo do que o seu primo pobre.