
A proposta de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro perdeu força na Câmara dos Deputados, e a mudança de postura do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), gerou forte insatisfação no PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.
Deputados bolsonaristas afirmam que Motta teria recuado após aproximação com o presidente Lula (PT) e integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente depois de integrar uma comitiva oficial em viagem à Ásia. Antes aberto ao tema, Motta agora diz que votar a anistia “agravaria” a crise política no país.
O discurso mais cauteloso surgiu logo após seu retorno ao Brasil. Em entrevista, Motta afirmou: “Não contem com este presidente para agravar uma situação do país que já não é tão boa. Vamos enfrentar com cautela, com o pé no chão, mas com esses dois pontos, sensibilidade e responsabilidade, para que o Brasil possa sair mais forte”.
As declarações foram dadas um dia depois do ato promovido por Bolsonaro e Silas Malafaia na Avenida Paulista, Em São Paulo, em defesa da anistia aos presos do 8 de janeiro. Durante o evento, o pastor bolsonarista atacou Motta, chamando-o de “vergonha da Paraíba”.

Enquanto isso, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), intensificou os esforços para coletar as 257 assinaturas necessárias ao requerimento de urgência. Ele chegou a ameaçar divulgar os nomes dos parlamentares que se recusarem a assinar, o que causou desconforto entre aliados do Centrão.
Dentro do PL, há a avaliação de que Hugo Motta se aproximou ainda mais do governo após a viagem internacional e teria acelerado pautas de interesse do Judiciário na Câmara. Quatro projetos propostos pelo STF e pelo STJ — incluindo a criação de novas varas e cargos — foram incluídos na pauta com urgência, em requerimentos apresentados por Gilberto Abramo (Republicanos-MG), aliado de Motta.
As recentes críticas do ministro Gilmar Mendes à proposta de anistia também foram interpretadas por bolsonaristas como parte da pressão institucional exercida sobre Motta.
Um aliado de Valdemar Costa Neto afirmou nos bastidores: “Ele prometeu ao PT que não colocaria para votar, e ao PL que colocaria. Agora ganhou a eleição e está com esse abacaxi na mão. Motta deve ter sido triturado nessa viagem ao Japão”.
Apesar da resistência do presidente da Câmara, bolsonaristas acreditam que, se o número necessário de assinaturas for alcançado, o cenário pode mudar. “Motta está sendo pressionado pelo governo e pelo Supremo. Mas, se a maioria dos deputados assinar, será que ele vai mesmo ignorar?”, questionou um articulador da legenda. Segundo Sóstenes, até agora foram coletadas 233 assinaturas.
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