Plano de Tarcísio para a PM cria mais coronéis, custa R$ 120 milhões e esvazia patrulhamento

Atualizado em 29 de dezembro de 2025 às 23:42
O coronel José Augusto Coutinho, comandante da PM, e o então secretário da Segurança, Guilherme Derrite
O coronel José Augusto Coutinho, comandante da PM, e o então secretário da Segurança, Guilherme Derrite – Divulgação/Secretaria da Segurança Pública

O projeto de reestruturação da Polícia Militar de São Paulo prevê aumento de 46% no número de coronéis, passando dos atuais 64 para 94, com impacto estimado de cerca de R$ 120 milhões em 2026. Cada novo coronel teria direito a dois veículos descaracterizados — uma Trailblazer e um Corolla — além de motoristas, seguranças e ordenanças. A previsão inclui até 60 novos carros oficiais, com custo superior a R$ 10 milhões apenas em veículos. Com informações do Estadão.

Cálculos de coronéis ouvidos pelo Estadão apontam que aproximadamente 180 policiais militares seriam deslocados do patrulhamento para atender aos novos coronéis, o equivalente a meio batalhão. O efetivo atual segue com 73.895 cabos e soldados e 13.604 sargentos e subtenentes. O projeto não amplia o número de praças, responsáveis pela maior parte do policiamento ostensivo.

Segundo oficiais da ativa e da reserva, a ampliação do quadro de coronéis também afetaria o fluxo de carreira por cinco anos. A criação simultânea de 30 vagas concentraria promoções em duas turmas específicas, repetindo casos anteriores em que turmas inteiras permaneceram mais tempo no mesmo posto. O projeto também aumenta o total de oficiais de 5.483 para 6.209.

O governador Tarcísio de Freitas, durante solenidade no Comando Militar do Sudeste
O governador Tarcísio de Freitas, durante solenidade no Comando Militar do Sudeste – Ascom/TRF-3

A proposta inclui promoção por merecimento para aproximadamente 2 mil segundos-tenentes após um ano na função, com acréscimo salarial estimado em R$ 2,5 mil. Prevê ainda que futuros aspirantes sejam promovidos diretamente a primeiro-tenente, mantendo a patente de segundo-tenente para praças que alcançarem o oficialato, o que gera impacto anual superior a R$ 100 milhões em salários.

Outro ponto é a restrição do acesso de praças ao oficialato, que passaria a ser permitido apenas a subtenentes, e entre eles apenas aos mais antigos. Com isso, a promoção a segundo-tenente ocorreria já no fim da carreira, limitando a chegada a postos como capitão e major. Coronéis afirmam que oficiais tendem a se afastar do patrulhamento de rua com a nova estrutura.

O governo de São Paulo confirmou que a proposta está em análise. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a avaliação técnica não interfere na contratação de policiais e citou a formação de mais de 9,8 mil novos PMs, com 2,7 mil em capacitação e 2,3 mil vagas autorizadas para concursos.

Críticos, como o coronel da reserva José Vicente da Silva, comparam o aumento de coronéis em São Paulo ao quadro de outros estados e apontam distorções nas proporções entre comando e tropa.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.