
A sugestão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que o país assuma o controle da Faixa de Gaza causou controvérsia dentro do Partido Republicano e recebeu dura reação da comunidade internacional. Enquanto alguns parlamentares classificaram a ideia como “ousada e decisiva”, outros expressaram ceticismo e mantiveram apoio à solução de dois Estados para Israel e Palestina. Com informações do g1.
Durante um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na terça-feira (4), Trump sugeriu que os Estados Unidos “assumissem o controle de Gaza” e transformassem a região em uma “Riviera do Oriente Médio”, realocando os palestinos para outro local.
Embora o presidente ainda tenha amplo apoio entre os republicanos, a ideia de intervir diretamente em Gaza encontrou resistência. Parlamentares que defendem a solução de dois Estados criticaram a proposta, apontando que essa tem sido a base histórica da diplomacia americana na região.
O senador Rand Paul ironizou a sugestão em uma rede social, questionando a coerência com o lema “América em primeiro lugar”, usado por Trump em sua campanha. “Não temos nenhuma razão para considerar mais uma ocupação que irá desperdiçar nossos recursos e derramar o sangue de nossos soldados”, escreveu.
O senador Jerry Moran enfatizou que a ideia de um Estado palestino não pode ser descartada unilateralmente, enquanto a senadora Lisa Murkowski evitou especular sobre o envio de tropas americanas, classificando a discussão como “assustadora”.
The pursuit for peace should be that of the Israelis and the Palestinians.
I thought we voted for America First.
We have no business contemplating yet another occupation to doom our treasure and spill our soldiers blood. https://t.co/hRM8UneLe1
— Rand Paul (@RandPaul) February 5, 2025
Casa Branca nega envio de tropas
Nesta quarta-feira (5), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que os EUA não enviarão tropas nem financiarão a reconstrução de Gaza. Ela ainda destacou que a retirada temporária dos palestinos do território é diferente da proposta de remoção definitiva sugerida por Trump.
Apesar das críticas, o presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, apoiou a ideia, classificando-a como uma “ação ousada” para promover a paz na região. Ele afirmou que discutirá o assunto com Netanyahu em reunião no Capitólio nesta quinta-feira (6).
Popularidade da proposta entre eleitores republicanos
Donald Trump construiu sua base eleitoral prometendo evitar novos conflitos e guerras prolongadas. No entanto, pesquisas da Reuters/Ipsos indicam que sua nova abordagem expansionista tem baixa aceitação, mesmo entre republicanos. Um levantamento realizado entre 20 e 21 de janeiro apontou que apenas 15% dos eleitores do partido apoiam o uso da força militar para obter territórios estrangeiros.
O deputado Tim Burchett, membro do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, demonstrou apoio à ideia de desenvolvimento imobiliário na Faixa de Gaza, destacando a oportunidade para a influência do capitalismo americano. Já o líder da maioria no Senado, John Thune, ponderou que qualquer proposta deve ser analisada com cautela para garantir paz e estabilidade na região.