A base militar Camp Century, encontrada por cientistas da Nasa, agência espacial americana, a 30 metros abaixo do gelo na Groenlândia era usada pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria para armazenar mísseis nucleares. A localização da construção secreta foi perdida ao longo de décadas após acúmulo de neve.

A instalação foi construída em 1959 pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA a pedido de Dwight Eisenhower, então presidente do país, e mantida em segredo até 1997. No período, o governo americano chegou a ser questionado sobre a instalação, mas alegou que o projeto era de caráter científico.

O custo total do projeto da Camp Century foi de mais de US$ 25 bilhões em valores atuais (cerca de R$ 130 bilhões). A instalação foi desativada em 1967 por conta da dificuldade de construir a estrutura sob uma camada de gelo que se movia constantemente.

Projetada para ser uma espécie de “cidade sob gelo”, a base tinha 21 túneis subterrâneos de mais de 3 km e era equipada com mais de 2 mil posições de tiro. A ideia era armazenar 600 mísseis “Iceman”, que seriam capazes de destruir 80% dos alvos dos Estados Unidos na União Soviética e no Leste Europeu.

O governo americano planejava usar a Camp Century como um “revólver esculpido em gelo”, lançando os mísseis pelos túneis subterrâneos. Cientistas chegaram a fazer pesquisas no local, coletando a primeira amostra de núcleo de gelo e sedimento de camada de gelo, mas o trabalho era uma fachada pra o “Projeto Iceworm”, um plano secreto.

O Ártico era uma rota estratégica para os Estados Unidos, já que permitia construir locais de lançamento de mísseis nucleares que permitiam acertar a União Soviética. A base já havia sido detectada em levantamentos aéreos por meio de radares que fornecem mapas bidimensionais sem muitos detalhes da área. Só neste ano a missão da Nasa foi realizada.

A instalação deixou uma série de resíduos perigosos na região, como combustível, águas residuais e resfriantes radioativos, que podem ser expostos com o aquecimento global a partir de 2090, segundo cientistas.

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