“Plano sinistro”: como a imprensa internacional repercute 1º dia do julgamento de Bolsonaro

Atualizado em 2 de setembro de 2025 às 12:21
Reportagem do NYT e Washington Post sobre 1º dia de julgamento de Bolsonaro — Foto: Reprodução
Reportagens dos jornais “The New York Times” e “The Washington Post” sobre o 1º dia de julgamento de Jair Bolsonaro no STF. Foto: Reprodução

O início do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira (2) repercutiu em veículos da imprensa internacional. A análise da tentativa de golpe de Estado de 2022 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi chamada de “plano sinistro” e descrita como um marco histórico para a democracia brasileira.

Bolsonaro, em prisão domiciliar, é julgado ao lado de outros sete réus apontados como parte do “núcleo central” do golpe. A sentença deve ser concluída até 12 de setembro.

Reportagens de diversos veículos como “The New York Times”, “The Guardian”, “The Washington Post”, “The Economist” e “BBC” descreveram o panorama da situação de Bolsonaro perante o STF.

O ex-capitão será julgado ao lado dos generais Augusto Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira, além do ex-comandante da Marinha Almir Garnier. Também estão no processo o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens que firmou delação premiada.

A acusação feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. A pena pode ultrapassar 40 anos em caso de condenação.

The New York Times: “plano sinistro” e vasto conjunto de provas

Reportagem do jornal 'The New York Times', dos Estados Unidos, sobre o início do julgamento de Bolsonaro. — Foto: Reprodução
Reportagem do jornal “The New York Times”, dos Estados Unidos, sobre o início do julgamento de Bolsonaro. Foto: Reprodução

O New York Times publicou uma linha do tempo sobre as nove semanas entre a derrota eleitoral de Bolsonaro e os ataques de 8 de janeiro. O jornal disse que revisou “dezenas de horas de depoimentos e centenas de páginas de documentos” e concluiu que há “um vasto conjunto de provas” contra o ex-presidente.

A reportagem descreveu como Bolsonaro buscou desacreditar o resultado eleitoral, planejou o assassinato do presidente Lula (PT), Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, e partiu para os Estados Unidos enquanto seus apoiadores invadiam os prédios dos Três Poderes.

Segundo o jornal, o Brasil estaria fazendo algo que os EUA “não conseguiram”: levar um ex-presidente a julgamento por tentar se manter no poder após perder uma eleição.

The Guardian: o “velório político” de Bolsonaro

Reportagem do jornal 'The Guardian', do Reino Unido, sobre o início do julgamento de Bolsonaro. — Foto: Reprodução
Reportagem do jornal “The Guardian”, do Reino Unido, sobre o início do julgamento de Bolsonaro. Foto: Reprodução

O Guardian entrevistou o trompetista Fabiano Leitão, que viralizou ao tocar uma “marcha fúnebre” e o hino antifascista Bella Ciao após Bolsonaro se tornar réu.

Leitão declarou que está “fazendo o velório político” do ex-presidente e que estará na frente do STF durante o julgamento. “Vai ser algo alegre! Tem que ser algo alegre!”, disse ao jornal.

“Leitão está entre milhões de brasileiros progressistas que já têm o champanhe metafórico no gelo à espera da tão esperada condenação de Bolsonaro e de sete supostos co-conspiradores, cujo julgamento começa nesta semana”, afirmou a reportagem.

Para o Guardian, milhões de brasileiros progressistas aguardam a condenação de Bolsonaro, e especialistas projetam que o ex-presidente será condenado por golpe de Estado.

The Washington Post: Brasil encara Trump e seu passado autoritário

Reportagem do jornal 'The Washington Post', dos Estados Unidos, sobre o início do julgamento de Bolsonaro. — Foto: Reprodução
Reportagem do jornal “The Washington Post”, dos Estados Unidos, sobre o início do julgamento de Bolsonaro. Foto: Reprodução

O Washington Post destacou que, com o julgamento de Bolsonaro, o Brasil enfrenta seu próprio passado autoritário e também a pressão de Donald Trump, que tenta retaliar o país com medidas econômicas e diplomáticas.

O jornal afirmou que o processo “marca uma reviravolta significativa” para um país que historicamente prefere a conciliação a punições em casos de crimes contra o Estado.

“O julgamento de Bolsonaro também é o ápice de uma saga extraordinária que polarizou ainda mais o Brasil, testou a determinação do seu Judiciário e abriu um abismo cada vez maior com os EUA”, afirmou a reportagem.

The Economist: o “Trump dos trópicos”

Reportagem da Economist fala sobre julgamento de Bolsonaro — Foto: Reprodução
Reportagem da revista britânica “The Economist” fala sobre julgamento de Bolsonaro. Foto: Reprodução

A revista The Economist classificou Bolsonaro como “Trump dos trópicos” e disse que a tentativa de golpe de 8 de janeiro foi “esquisita e bárbara”, lembrando que os acampamentos em Brasília tinham clima de festival, com barracas vendendo cerveja, churrasco e arroz carreteiro.

Segundo a publicação, Bolsonaro “falhou por incompetência, e não por falta de intenção”, e seu julgamento ditará o ritmo da recuperação do Brasil após o populismo.

Em reportagem de capa, a revista afirmou que o Brasil dá uma lição de democracia aos Estados Unidos, já que mesmo sob pressões externas e sanções, a Justiça brasileira avançou para processar o ex-presidente.

BBC: julgamento entra na fase final

Reportagem do jornal 'BBC', do Reino Unido, sobre o início do julgamento de Bolsonaro. — Foto: Reprodução
Reportagem do jornal “BBC”, do Reino Unido, sobre o início do julgamento de Bolsonaro. Foto: Reprodução

A BBC afirmou que o julgamento de Bolsonaro entrou na fase final nesta terça-feira e será decidido por cinco ministros da Primeira Turma do STF.

Segundo a emissora britânica, a “causa do ex-presidente foi abraçada” por Donald Trump, que classificou o julgamento como “caça às bruxas”, em referência ao processo contra seu aliado brasileiro.