
Cinco dias após vir à tona um vídeo em que policiais do Bope aparecem furtando perfumes, roupas e sapatos durante uma operação no Complexo do Alemão, a Justiça Militar determinou a prisão do cabo Leandro Silva Pereira dos Santos, de 37 anos.
Ele foi identificado porque esqueceu de desligar sua câmera corporal, que registrou toda a ação. As imagens mostram oito agentes, mas apenas Leandro foi preso até o momento, segundo a coluna True Crime do jornal O Globo.
A juíza Ana Paula de Pena Barros, da Auditoria Militar do Rio, decretou a prisão a pedido do Ministério Público. O cabo foi detido dentro de uma viatura, contrariando a versão oficial da PM de que os envolvidos estavam afastados das ruas.
Lotado no 2º BPM (Botafogo), Leandro foi levado para a Unidade Prisional da PM, em Niterói, onde permanece à disposição da Justiça. A polícia também cumpriu mandado de busca e apreensão em sua casa, mas não encontrou os objetos furtados.
O episódio ocorreu em 15 de janeiro, durante a Operação Caixinha, que tinha como alvo o traficante Fhillip da Silva Gregório, o “Professor”, apontado como fornecedor de armas do Comando Vermelho. O criminoso escapou naquela ocasião e acabou morto meses depois.
‘Estou precisando de um Playstation’, disse PM do Bope enquanto revirava casa com colegas durante furto no Alemão https://t.co/5RbJH2sUa3 pic.twitter.com/1xkJ7pRjjd
— Jornal O Globo (@JornalOGlobo) September 30, 2025
A denúncia do Ministério Público enquadra Leandro em quatro crimes do Código Penal Militar: furto simples, furto qualificado, peculato e violação de domicílio qualificada. Somadas, as penas podem chegar a 31 anos de prisão, ou, no mínimo, seis anos e meio de reclusão.
Segundo a Secretaria de Polícia Militar, o mandado de prisão foi cumprido e todas as formalidades legais foram adotadas. A corporação confirmou que o policial era do Bope, mas não informou o motivo de outros sete agentes filmados ainda não terem sido presos.
O vídeo mostra os militares invadindo uma casa de dois andares sem mandado judicial. Eles abrem a geladeira, bebem um energético e depois escolhem roupas, tênis e perfumes. Entre risadas, comentam preços de produtos e cogitam levar um videogame e uma caixa de som. As gravações viraram a principal prova do processo.
O Bope chegou a publicar uma nota reconhecendo a gravidade do episódio e afirmando que não tolera desvios de conduta, mas a mensagem foi apagada horas depois. O texto citava que o chamado “espólio de guerra” existia em contextos passados, mas que esse tipo de comportamento é “inaceitável em uma tropa profissional”. A investigação segue na 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar.