PUBLICADO NO BLOG DE MARCELO AULER
POR MARCELO AULER
Com o único intento de desmobilizar uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro que ocorria, desde o início da tarde, na esquina das avenidas Atlântica e Princesa Isabel, em Copacabana, Zona Sul do Rio, policiais militares detiveram uma manifestante e a levaram presa para a 12ª Delegacia Policial. O pretexto para a detenção é que ela estava fazendo uso de um megafone.
Como não existe crime no uso do aparelho, depois policiais militares alegaram que não respeitavam o distanciamento social exigido, o que também não fica demonstrado em vídeos feitos durante o protesto (veja abaixo). Ou seja, meros pretextos para desmobilizar o movimento contra o governo.
O tiro saiu pela culatra. Os militares não contavam que cerca de 40 manifestantes que estavam no ato convocado pelo Comitê Fora Bolsonaro da Zona Sul do Rio decidissem acompanhar a detida. No meio da tarde (cerca de 16:30Hs) foram todos pressionar na porta da delegacia, na Rua Hilário de Gouveia, em Copacabana. Ali permaneceram até a liberação da manifestante.
Como os policiais militares também apreenderam a carteira da OAB do advogado André de Paula, representantes do grupo de Defesa das Prerrogativas dos Advogados da OAB-RJ foram também para lá, apoiar os envolvidos e buscar solução para o caso.
Depois de aproximadamente três horas as duas militantes do Comitê Fora Bolsonaro acabaram liberadas, por volta de 19:30Hs, sem que qualquer ocorrência fosse registrada. O BLOG não conseguiu contato com os advogados que estiveram na delegacia.
PM-RJ dois pesos e duas medidas
A libertação das duas moças sem registro de ocorrência – até por inexistir motivos, já que nenhum crime foi cometido – demonstra apenas a maneira parcial como a polícia carioca vem tratando manifestações políticas que geralmente ocorrem nos finais de semana.
Nos encontros feitos por grupos radicais em defesa do presidente, aqueles nos quais aparecem faixas com mensagens antidemocráticas pedindo o fechamento do Congresso e até a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a polícia militar nada faz.
Muitas vezes até os protegem de transeuntes que se manifestam contra os mesmos. Tais grupos não usam megafone, mas carros de som, sem serem importunados e fazem encontros muito mais barulhentos, sempre.
Já quando as manifestações partem de grupos em oposição ao presidente, principalmente quando não há a presença da imprensa, os militares da PM buscam motivos, ainda que ilegais, para desmobilizar os manifestantes, como ocorreu na tarde deste domingo. Abaixo o vídeo dos manifestantes na porta da delegacia..