Publicado originalmente na Ponte Jornalismo:
Por Caê Vasconcellos
Policiais militares da 1ª Companhia do 43º Batalhão da Polícia Militar da capital, do Jaçanã, na zona norte da cidade de São Paulo, foram filmados agredindo um jovem rendido na madrugada deste sábado (13/6). A agressão teria ocorrido na Rua da Fonte, na mesma região.
Nas imagens, é possível ver cinco PMs agredindo um jovem com socos, chutes e golpes de cassetetes. Enquanto é espancado, o jovem fala que é trabalhador, que foi buscar a namorada e que não estava fazendo nada.
Também é possível ouvir outros PMs falando para as pessoas entrarem. “Vai defender vagabundo também?”, diz um dos PMs. Na sequência, o jovem é arrastado em um escadão, onde apanha mais, enquanto os PMs ameaçam os moradores: “Vou quebrar todo mundo”.
Para Ariel de Castro Alves, advogado e conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos), as cenas explicitam a brutalidade praticada por policiais.
“As imagens chocam pela violência e covardia. Evidenciam a prática do crime de tortura já que a vítima foi submetida pelos agentes do estado a intensa violência e também sofrimento físico e psicológico”.
O governador João Doria (PSDB) se posicionou pelo Twitter. Doria disse que é “absolutamente condenável as atitudes dos policiais militares que abusaram da força” e que “o Governo de SP não compactua com qualquer tipo de violência”.
Em nota, Elizeu Soares Lopes, ouvidor das polícias de SP, disse que agressões não fazem parte do protocolo de abordagem das polícias paulistas. O ouvidor não comenta se viu excesso de violência ou qualquer outra falha na ação dos policiais.
“A Ouvidoria vai requisitar à Corregedoria da Polícia Militar a identificação dos policiais envolvidos e seu afastamento ao menos até o término das investigações, permitindo a todos o constitucional direito de defesa”.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou que instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) por abuso de autoridade contra os policiais assim que tomou conhecimento das imagens.
Segundo a PM, os policiais foram imediatamente afastados do serviço operacional. Eles não perderão os salários, apenas serão colocados em serviço administrativo com a mesma remuneração.
“A Corregedoria da PM acompanha o caso. O Governo do Estado de São Paulo não compactua com desvios de conduta e investiga rigorosamente toda e qualquer denúncia contra seus agentes”, disse a corporação em nota.