PMs são suspeitos de raptar e matar jovem negro e o cachorro dele na região de Sorocaba. Por Jesus Vicente

Atualizado em 18 de julho de 2020 às 10:40
Afonso e o cão estão desaparecidos

Afonso Domingo da Silva, um jovem negro de 26 anos, e seu cão, o pitbull Apollo, estão desaparecidos desde a madrugada do último dia 4 de julho. O rapaz e o animal teriam sido levados de casa onde moram no bairro do Turvo, em Tapiraí, região de Sorocaba, SP.

A principal suspeita recai sobre dois policiais militares da cidade, que na madrugada dos desaparecimentos capotaram a viatura em local isolado, fora do limite do município, uma vasta área coberta pela plantação de eucaliptos.

Além dos dois PMs, é investigada, também, a participação de uma terceira pessoa, um empresário da cidade, que teria “pedido” a morte da vítima e, inclusive, participado da ação policial.

O delegado seccional assistente de Sorocaba, Rodrigo Ayres, disse ao DCM, por telefone, que a polícia técnico-científica esteve no local e que há algumas linhas de investigação. “Agora mesmo recebi um relatório de lá, mas não posso adiantar a linha (de investigação) mais avançada para você”.

Entenda o caso

Na madrugada do dia 4, Axel, rapaz que dividia espaço com a vítima, chegou em casa e encontrou tudo revirado, inclusive sangue, cápsulas e restos de projéteis 380, mas o amigo Afonso e o cachorro não estavam.

No outro dia, em busca feita por vizinhos e amigos, nas proximidades onde ocorrera o capotamento, foram encontradas roupas do Afonso com perfurações de bala.

O helicóptero Águia da PM chegou a sobrevoar a região no dia 6, mas Afonso e o cão não foram encontrados.
Esses elementos colocaram os PMs na cena do crime e, por isso, foram afastados e suas armas recolhidas.

Versão tenebrosa

Segundo apurou a reportagem do DCM, na noite do desaparecimento, os PMs de plantão naquela madrugada teriam estado em um posto de gasolina na rodovia SP 79, município de Piedade, e ingerido bebidas alcoólicas na companhia do empresário suspeito de participação do rapto e sumiço das vítimas.

O álcool ingerido teria sido o propulsor do crime e do capotamento da viatura.

Coleta de provas

O delegado Rodrigo Ayres diz que, além dos materiais coletados (cápsulas, restos de projéteis e roupas), a viatura capotada passou por perícia e que estão coletando o maior número de imagens (câmeras de vigilância) para se apurar o caso com veracidade.

A Polícia Civil tem 30 dias para concluir o inquérito e espera, até lá, localizar Afonso e o cão, ou, na pior das hipóteses, os cadáveres.

O DCM também fez uma série questionamemto à Secretária de Segurança do Estado São Paulo, mas, em nota, a Secretaria se limitou a dizer que os PMs estão afastados e que as investigações seguem em sigilo.

Projéteis encontrados na casa do jovem desaparecido
Roupa encontrada perto da viatura capotada: provável buraco de bala