Pobre cidadão carioca, tão longe de Deus, tão perto de Crivella e da Globo. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 12 de abril de 2019 às 8:38
Crivella gosta de se fantasiar de Waldick Soriano no Carnaval

O bispo Marcelo Crivella, prefeito do Rio, entrou num bate boca com a repórter da Globo Larissa Schmidt numa entrevista.

Após uma pergunta, Crivella abespinhou-se.

“É impressionante como a Rede Globo de Televisão é absolutamente contra a cidade do Rio de Janeiro. É a televisão que anuncia, o tempo todo, os problemas do Rio, que faz drama sobre coisas corriqueiras que acontecem nas nossas vidas desde que eu nasci aqui”, diz o prefeito.

A repórter fica mordida.

“O senhor acha que o aconteceu foi um drama corriqueiro? Perdão, prefeito, o senhor acha que o que aconteceu, a pior chuva em 22 anos, foi um drama corriqueiro?”, questiona.

Crivella, a certa altura, afasta o microfone dela com as mãos e se vira para os demais jornalistas.

“Dá licença, dá licença, vou falar para cá. É um direito que eu tenho”, afirma, antes de repetir o ataque à emissora.

“O que a Globo quer é dinheiro na sua propaganda. O que ela quer é que a gente faça uma festa no carnaval, e ela possa vender R$ 240 milhões com a prefeitura pagando todo o carnaval”, declara.

O grupo emitiu uma nota fingindo indignação, secundada por outras de entidades jornalísticas que vivem a reboque de qualquer traque relativo às empresas.

Sobrinho de Edir Macedo, mais plastificado que Dercy Gonçalves, Crivella é um inepto e, possivelmente, o pior alcaide do Rio — até que venha o próximo.

Mas é chocante como a Globo vive de espalhar o pânico na capital fluminense.

Se tivesse um aliado na prefeitura, não seria assim.

Pouco antes da intervenção militar, encampada pelos Marinhos, deu em detalhes cada assalto, cada tragédia, cada alagamento, sem descanso.

É evidente que a criminalidade no Rio é alarmante — mas daí a martelar isso, e não saídas, 24 horas por dia são outros quinhentos.

Orgulhosa de suas raízes cariocas, a Globo ganhou dinheiro público de todos os governos corruptos, no âmbito municipal e no estadual.

A mesma coisa com a CBF e os bicheiros e traficantes do Carnaval.

Cobre a festa, fatura milhões — e depois denuncia a turma, como se não tivesse nada com isso.

O triplex de Roberto Marinho vendido para Aniz Abraão David, patrono da Beija Flor, ilustra essa relação promíscua.

Crivella, a Globo e a Record se merecem e poderiam morrer num abraço de afogado.

Pobre carioca. Pobre Rio de Janeiro. Pobre Brasil.