Pobre povo brasileiro: já não bastam inimigos, tem de suportar traidores. Por Fernando Brito

Atualizado em 4 de abril de 2018 às 21:42
O plenário do STF

Publicado no Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Não se esperava que, por ser o habeas corpus a favor de Lula, os ministros do Supremo fossem votar por algo absurdo, apenas por ser em defesa do mais querido presidente que o Brasil já teve nas últimas décadas ou porque ele e sua sucessora, Dilma, indicaram 7 dos atuais 11 ministros daquela corte.

A prova disso é que, como já registrei aqui, fossem apenas os outros ministros, indicados fora da era petista, o placar seria de 3 a 1 em favor do ex-presidente. Prova cabal, portanto, que havia razão na causa.

O ódio a Lula – e ao que ele representou, representa e poderia representar na contenção da escalada fascista que este país vive – se alimenta, porém, de uma camada de canalhas que se aproximou do governo petista e dele se beneficiou.

A começar do conspirador golpista Michel Temer.

Mas não menos importantes são os medíocres babujentos que se guindaram ao Supremo Tribunal Federal.

Luís Edson Fachin, pelo qual Dilma Rousseff penou para dar uma cátedra no Supremo, exercita quase sem folga a missão de ser um juiz miúdo, raivoso e mesquinho, aderido com Araldite ao punitivismo mais rastaquera. Chegou ao ridículo de fundar sua decisão em opiniões expostas num livro de Direito cujos autores, depois de ouvi-lo, reagiram: “não foi nada disso o que dissemos!”

Luís Roberto Barroso, no execício do papel de Pavão da Justiça, a descobrir, já à beira dos 60 anos, a sua veia udenista, espalhafatosa, de candidato a Sérgio Moro do STF.

Luiz Fux, o histrião topetudo, que vem falar em celeridade e morosidade judiciais, depois de manter na gaveta por quatro anos a imoralidade do auxílio-moradia e ter enfiado uma filha, juridicamente tatibitati, na cadeira de desembargadora no Rio de Janeiro.

E Rosa Weber, um senhora que, no dizer do processualista Afrânio Silva Jardim, fez um voto cheio de longas  “premissas” que “serviriam para lastrear qualquer decisão, ou seja, não são premissas de nada”.

Todos os cinco tinham fundadas razões jurídicas para votar a favor do HC, até porque estas existem em tanta abundância que Celso de Mello, Gilmar Mendes e Marco Aurelio Mello, em nada simpáticos a Lula ou ao PT, as encontraram.

Mas eles fizeram questão de não ver, com seus olhos rútilos na possibilidade de serem lacaios do poder e do golpismo.

Weber, até,  disposta a promover uma cena dantesca: diz ser fiel a seus princípios, mas abre mão deles para seguir “a maioria” que não seria maioria se ela não aderisse à minoria.

Traidores do povo brasileiro, traidores dos que os conduziram ao Supremo, traidores de si mesmos.

Pobre povo brasileiro.

Tem um dos países mais ricos do mundo, mas tem, talvez, a mais desqualificada elite política e econômica do planeta, agora agregada à pobreza ética de uma miséria jurídica que fica evidente a quem assista a metade de uma sessão do Supremo.

Estamos a caminho, em marcha batida, da instituição de um regime fascista no Brasil.

Que nos vai trazer muita dor, sofrimento, mortificação. Mas, ao menos, uma alegria tristemente irônica: todos eles serão devorados pelo lobo.