Polícia apreende material de associação que cultiva cannabis medicinal em SP

Atualizado em 18 de outubro de 2025 às 13:00
Agentes da Polícia Civil apreendem material da Associação Santa Gaia, que cultiva cannabis para uso medicinal em Lins, no interior de São Paulo. Foto: Reprodução

A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na tarde de quinta-feira (16) em uma operação contra a Associação Santa Gaia, entidade que cultiva cannabis para uso medicinal na cidade de Lins, no interior de São Paulo, conforme informações do Metrópoles. O grupo é responsável por fornecer medicamentos à base da planta para milhares de pacientes em todo o país.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), foram apreendidos 466 pés de maconha e outros 96 em fase de produção de óleo em uma estufa. Um homem de 37 anos que estava no local foi preso em flagrante.

O caso foi registrado como “localização/apreensão de objeto, falsificação e adulteração de produtos terapêuticos/medicinais, fabricação e tráfico de drogas”.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram o espaço da associação após a operação, com o laboratório parcialmente desmontado. A Santa Gaia afirma que os produtos apreendidos eram destinados à produção de medicamentos usados no tratamento de pacientes com doenças neurológicas e crônicas.

Posição da Santa Gaia

Em nota, a associação, fundada em 2023, declarou ter sido “surpreendida pela ação” e disse “desconhecer qualquer determinação judicial que obrigue a interrupção de suas atividades”.

“A Santa Gaia é uma associação civil legalmente constituída, com atuação pública e transparente, dedicada ao acesso seguro à cannabis medicinal. Atualmente, possui dois processos em curso que reconhecem e garantem sua atividade: um habeas corpus em andamento e uma ação cível no TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em Brasília, com agravo de instrumento aguardando decisão. Portanto, não há qualquer determinação judicial que obrigue interrupção das atividades”, afirmou a entidade.

A associação informou ainda que “170 famílias recebem medicação gratuita, 97 pacientes são atendidos sem custo pela clínica social e emprega cerca de 53 colaboradores”.

Os medicamentos são usados principalmente no tratamento de doenças como Alzheimer, Parkinson e epilepsia. Segundo a entidade, os produtos à base da planta também auxiliam em casos de esclerose múltipla, dores crônicas, ansiedade, autismo e neoplasias.

Repercussão política

A operação gerou forte reação nas redes sociais. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), e o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) repudiaram a ação policial.

“No momento em que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) debate com o Ministério da Saúde a regulamentação da cannabis medicinal, é inaceitável esse tipo de repressão criminosa, prejudicando pacientes com doenças sérias, que não terão a quem recorrer para manter seus tratamentos”, afirmou Suplicy.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) informou que os mandados correm em segredo de justiça, motivo pelo qual “não há informações disponíveis” sobre o caso.