Polícia do Paraguai encontra tornozeleira rompida por Silvinei Vasques

Atualizado em 29 de dezembro de 2025 às 11:56
Silvinei Vasques sendo detido por autoridades paraguaias. Foto: reprodução

A polícia do Paraguai localizou na madrugada desta segunda-feira (29) a tornozeleira eletrônica que era utilizada pelo ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques. O equipamento foi encontrado na rodoviária de Cidade do Leste, na região de fronteira com o Brasil, e identificado após cooperação entre autoridades paraguaias e brasileiras. O dispositivo foi recolhido por agentes da 3ª Delegacia do bairro Obrero, que acionaram o Comando Tripartite para dar início às apurações.

Segundo a polícia paraguaia, a tornozeleira é homologada pela Anatel e está registrada em nome de uma empresa brasileira de tecnologia. O equipamento foi encaminhado às autoridades competentes para os procedimentos legais e para auxiliar na investigação sobre a fuga de Vasques. O ex-diretor da PRF foi preso no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no dia 25 de dezembro, e expulso do Paraguai após não declarar sua entrada no país e ser identificado com mandado de prisão em aberto no Brasil.

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 24 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, Silvinei Vasques rompeu a tornozeleira eletrônica ao tentar deixar o Brasil. Ele foi detido no Paraguai quando tentava embarcar para El Salvador usando documentos falsos.

Tornozeleira de Silvinei, rompida sem uso de soldador. Foto: reprodução

Durante a abordagem, apresentou-se como “Julio Eduardo” e chegou a entregar uma declaração em que afirmava ter câncer na cabeça e dificuldade para falar. Após checagem de fotos, impressões digitais e numeração dos documentos, as autoridades paraguaias confirmaram a verdadeira identidade do ex-PRF. Questionado, ele acabou confessando que os documentos não eram dele.

Informações encaminhadas pela Polícia Federal ao ministro Alexandre de Moraes indicam que a fuga teve início ainda na noite da véspera de Natal. Imagens de câmeras mostram que Vasques deixou o condomínio onde mora, em São José, em Santa Catarina, por volta das 19h22 do dia 24 de dezembro, pouco antes de a tornozeleira parar de funcionar. Minutos antes, ele carregou um veículo alugado com sacolas, rações e tapetes higiênicos para animais domésticos, além de embarcar com um cachorro da raça pitbull. Após esse momento, não foi mais visto no local.

Uma equipe da Polícia Penal de Santa Catarina esteve no condomínio por volta das 20h10 do mesmo dia, mas não conseguiu localizá-lo. “Foram até o apartamento do réu, nº 706- Bloco A, mas ninguém atendeu. Também foram até a vaga de garagem, nº 333, e a encontraram vazia”, diz relatório enviado ao STF. A Polícia Federal só foi acionada às 23h do dia de Natal e repetiu as diligências, sem sucesso.

Silvinei com óculos e curativo para forjar disfarce durante fuga. Foto: reprodução

Em decisão recente, Alexandre de Moraes avaliou que os elementos reunidos demonstram tentativa clara de fuga para driblar ordens judiciais. “As diligências in loco realizadas pela Polícia Federal no endereço residencial do réu Silvinei Vasques indicam a efetivação de sua fuga”, escreveu o ministro, destacando a violação da medida de recolhimento domiciliar noturno e o uso de veículo alugado para deixar a cidade.

Silvinei Vasques foi condenado neste mês a 24 anos e 6 meses de prisão por integrar o chamado “núcleo 2” da organização criminosa que tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. Segundo a decisão do STF, ele atuou para monitorar autoridades e dificultar a votação de eleitores, especialmente no Nordeste, por meio de operações da PRF no segundo turno.

Antes disso, já havia sido condenado na Justiça Federal do Rio de Janeiro por uso político da estrutura da corporação durante a campanha eleitoral, o que resultou em multa superior a R$ 500 mil. Após ter sido preso em 2023, passou a cumprir medidas cautelares, entre elas o uso da tornozeleira agora localizada no Paraguai.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.