Polícia do RJ vai investigar quem retirou corpos da mata após megaoperação

Atualizado em 29 de outubro de 2025 às 14:07
Corpos alinhados em rua do Rio de Janeiro após a operação policial mais mortal da história da cidade. Foto: Divulgação

A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai investigar por fraude processual as pessoas que removeram corpos de uma área de mata após a megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) realizada nos Complexos do Alemão e da Penha. A informação foi confirmada pelas forças de segurança do estado em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (29).

De acordo com a Defensoria Pública do Rio, a ação conjunta das polícias Civil e Militar deixou ao menos 130 mortos. No entanto, o balanço oficial do governo fluminense reduziu o número para 119 vítimas, sendo 58 registradas no dia da operação e outras 61 encontradas posteriormente em uma região de mata no Complexo da Penha.

Durante a madrugada, moradores e ativistas relataram que dezenas de corpos foram retirados por civis da mata e levados até a Praça da Penha, na Zona Norte. Imagens que circularam nas redes sociais mostraram uma lona com corpos estendidos, enquanto familiares buscavam informações sobre desaparecidos.

O governo confirmou que 61 corpos foram localizados no local, o que levantou questionamentos sobre a condução da operação. A investigação por fraude processual pretende identificar quem retirou os corpos da cena dos confrontos antes da chegada das equipes de perícia.

Corpos alinhados em praça na Penha, zona norte do Rio, após operação mal-sucedida da polícia carioca. Foto: Divulgação

Segundo a Polícia Civil, essa ação pode comprometer a coleta de provas e a reconstituição dos fatos. As autoridades afirmam que a retirada não foi autorizada e que os responsáveis poderão responder criminalmente. Batizada de Operação Contenção, a ofensiva policial mobilizou cerca de 2.500 agentes das forças de segurança estaduais e foi considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro.

A ação foi resultado de mais de um ano de investigações conduzidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). O objetivo era conter a expansão territorial do Comando Vermelho e cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes e lideranças da facção.

Entre os alvos, 30 seriam criminosos vindos de outros estados, principalmente do Pará, que estariam refugiados nas comunidades da Penha e do Alemão. As autoridades fluminenses afirmam que o grupo buscava reforçar a estrutura da facção no Rio e ampliar o domínio de pontos estratégicos para o tráfico.

Além dos mortos, a operação resultou na apreensão de 10 menores e na prisão de 113 pessoas. Entre os detidos está Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão, apontado como o operador financeiro do CV no Complexo da Penha e braço direito de Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, principal liderança da facção.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.