Polícia encontra cocaína em blocos de mármore, em caso semelhante ao do Helicoca. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 7 de dezembro de 2017 às 14:37
O momento do flagrante no helicóptero

Reportagem publicada no dia 3 de outubro, a propósito da prisão do empresário Elio Rodrigues e do presidente da Deportiva Ferroviária, Edney Costa, nesta quarta-feira (6), em Vila Velha, quando um contêiner com mais de 200 quilos de cocaína foi apreendido. Na reportagem do dia 3 de outubro, o jornalista Joaquim de Carvalho apontava a ligação entre Elio Rodrigues, o Helicoca e o clube de futebol profissional Deportiva Ferroviária.

 

A imagem é impressionante. A retroescavadeira levanta uma bola (de concreto ou ferro) e solta num bloco de mármore.

Na primeira vez, nada acontece.

Na segunda, o gigantesco bloco de mármore se parte.

O braço mecânico do trator sacode o bloco de mármore e se vê lá dentro, como o recheio de um ovo de páscoa, tabletes de pasta pura de cocaína.

“Ele botam isopor, mano!”, constata um dos que gravam a cena, provavelmente policial.

A operação foi em uma marmoraria de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, conduzida pela Policia Federal na semana passada.

Foi o desdobramento de uma operação que guarda semelhanças com o caso dos 445 quilos de pasta base de cocaína apreendidos em novembro de 2013 num helicóptero da família do senador Zezé Perrella.

A operação, chamada Blockbuster, localizou traficantes mexicanos instalados em Belo Horizonte e Nova Lima, Minas Gerais, que usavam o porto de Vila Velha, no Espírito Santo, para transportar cocaína produzida na Colômbia.

Segundo o chefe da Delegacia de Repressão a Drogas da Polícia Federal, Leonardo Damasceno, em geral, os blocos saíam do Porto de Vitória, seguiam para Santos, no litoral de São Paulo, de onde eram levados para o continente europeu.

No caso, segundo a polícia, a cocaína seria transportada para a Bélgica.

A rota não é a única coincidência com o caso que envolveu o helicóptero da família do senador — que foi inocentada pela Polícia Federal, que, com base na investigação, concluiu que o piloto dos Perrella usou a aeronave sem o consentimento dos proprietários.

Outra coincidência é a quantidade de droga — quase meia tonelada — e o mármore.

Um dos envolvidos no caso Helicoca, o empresário Elio Rodrigues, declarou à polícia que uma de suas fontes de renda era a marmoraria Arte Rochas, em Itapemirim.

Em outro depoimento no processo, Elio Rodrigues é apresentado como dono de uma empresa de granito em Cachoeiro de Itapemirim — além do mármore, a PF encontrou droga escondida em granito.

Elio chegou a ser indiciado, denunciado e processado por tráfico de drogas, apontado como a pessoa que comprou a fazenda onde o helicóptero pousou.

Existe imagem da presença dele numa agência bancária, em que faz o depósito do sinal para a compra da fazenda.

Com a quebra de sigilo telefônico, descobriu-se que Elio também trocou mensagens com o empresário Robson Ferreira Dias, este preso em flagrante, quando ajudava a descarregar a droga do helicóptero e colocar em seu carro.

No depoimento, Elio contou que conheceu Robson por tratativas para a negociação de um jogador de futebol profissional para o Desportiva Ferroviária, de Vitória.

Mas negou participação no tráfico de cocaína.

Com a descoberta de utilização de marmoraria para ocultar cocaína transportada para a Europa, a suspeita sobre Elio poderia aumentar.

Mas Elio já foi excluído do processo por decisão judicial, que aceitou o pedido da defesa de que não havia provas suficientes sobre o envolvimento dele com a droga apreendida no helicóptero.

Por enquanto, apenas quatro pessoas respondem pela apreensão da droga transportada no helicóptero — dois pilotos, o empresário Robson e um jardineiro, contratado para fazer o trabalho braçal.

Quase quatro anos depois, eles ainda não foram julgados. Também não se sabe quem são os reais proprietários da cocaína. No processo, o nome que aparece é Halley, que ninguém sabe quem é.

https://www.youtube.com/watch?v=iBbOSIpUXl0

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PS: O termo Helicoca volta a ser usado pelo DCM, depois que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal esclareceu, no recurso apresentado pelo site, que a palavra pode ser utilizada.