Policial que prendeu dono do bar onde acontecia homenagem a Marielle ameaçou sacar arma, diz testemunha

Atualizado em 19 de março de 2018 às 18:18
Alfredinho, do bar Bip Bip

Relato do ocorrido no bar Bip Bip, em Copacabana, na noite de domingo, dia 18, no Facebook de Tiago Prata:

Essa foto [acima], muito mal tirada, é do Alfredinho saindo da delegacia do Leblon às 2:27. Foi a terceira delegacia da noite onde ele foi conduzido a mando de um agente da Polícia Rodoviária Federal que, 4 horas antes, apareceu no Bip-Bip armado ameaçando as pessoas por uma agressão que teria recebido ao ser totalmente insensível com uma homenagem a Marielle. Isso aconteceu por volta das 22:00.

Alfredo em seus tradicionais discursos fez homenagem a Mari e convidou todos para o grande ato de amanhã. O cidadão, que teria consumido pelo menos 4 cervejas no bar, começou com aquele discurso provocador de “e homenagem aos policiais mortos”… Foi vaiado e, na confusão ao sair, teria levado um chega pra lá de alguém.

O que ele deveria fazer? Chamar a Polícia e registrar queixa por lesão corporal contra quem o agrediu.

O que fez? Voltou meia hora depois mostrando a arma por dentro da calça, entrou no bar dizendo que estava com o “caralho no corpo”, ameaçou atirar se fosse necessário e ficou fazendo discurso político.

A PM chegou rápido. Foram 3 carros. Não desarmaram o sujeito e ficou aquela situação de conversa dali, conversa de lá. Pela parte do Alfredo e dos frequentadores, apesar da tensão, a gente teria até resolvido a situação ali e vida que segue.

Policial rodoviário dá voz de prisão a dono do bar Bip Bip

Porém, o sujeito, super grosso e querendo demonstrar autoridade e machismo sobre a guarnição da PM, que ali era comandada por uma tenente, EXIGIU que o Alfredo fosse o SEU conduzido para delegacia. Se recusou a dar voz de prisão ao Alfredo mas, passando por cima da PM, exigia aos gritos levar o Alfredo à Delegacia.

Resumindo, depois de passarmos pela 12ª, 13ª (onde chegou em pouco tempo uma guarnição da PRF com policiais fortemente armados), onde não havia delegado para o cidadão registrar a queixa, paramos na 14º.

Conseguimos contato, e, claro agradecemos muito, com o valoroso advogado Rodrigo Mondego, que rapidamente chegou à DP e foi com o Alfredo acompanhar o depoimento. Mas, para a nossa surpresa, o delegado de plantão cagou e andou para o que o Alfredo disse no depoimento (ele apenas leu o que o escrivão relatou) e se recusou a receber o advogado.

Assim, o registro feito na delegacia foi simplesmente de Lesão Corporal por parte do agente e o Alfredo como testemunha. No registro, inclusive, o sujeito potencializa sua vitimização dizendo que foi vítima de socos, chutes e empurrões, o que não foi verdade. Mesmo com todo o relato do Alfredo no depoimento, e que eu disse acima, o único “crime” no BO foi de lesão corporal.

A repercussão nas redes está grande já, a imprensa está procurando. A PRF Brasil vai ter que responder se um agente seu pode, armado, ameaçar pessoas dentro de um bar depois de consumir bebida alcoólica. A Polícia Civil tem que responder sobre o fato do delegado não ter lavrado o abuso de autoridade do agente que exigiu levar o Alfredo sem nenhum motivo e nem ter ouvido Alfredo e seu advogado. E o mundo precisa responder o motivo de tanto ódio e ameaças.

Tá foda.
#Mariellepresente

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.