O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, afirmou nesta quarta-feira (10) que o país está mais próximo de um conflito aberto do que em qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial.
“Não há motivo para afirmar que estamos à beira da guerra, mas uma linha foi cruzada, e a situação é incomparavelmente mais perigosa do que antes”, disse Tusk ao parlamento polonês. “Isso nos coloca no ponto mais próximo de um conflito aberto desde a Segunda Guerra Mundial”.
O episódio aconteceu quando a Polônia abateu drones russos em seu espaço aéreo, com apoio de aeronaves militares de aliados da OTAN. É a primeira vez que um país membro da aliança ocidental é registrado disparando contra alvos durante a guerra da Rússia na Ucrânia.
Tusk descreveu o incidente como uma “provocação em grande escala” e anunciou a ativação do Artigo Quatro do tratado da OTAN, que permite que membros da aliança exijam consultas conjuntas diante de ameaças.
Um porta-voz da OTAN informou que o secretário-geral, Mark Rutte, está em contato com a liderança polonesa e que a aliança consulta o país de perto. A OTAN não considera o incidente um ataque, mas uma incursão intencional. Caças F-16 poloneses, F-35 holandeses, aeronaves de vigilância AWACS italianas e aviões de reabastecimento em voo da aliança participaram da operação noturna.
A Rússia negou responsabilidade pelo episódio. Um diplomata de alto escalão russo na Polônia classificou as acusações de incursão como “infundadas”, afirmando que nenhum indício comprova que os drones abatidos eram de origem russa. Tusk acrescentou que alguns drones entraram no espaço aéreo polonês diretamente da Bielorrússia, aliada da Rússia, e não da Ucrânia.
Durante o incidente, o Comando Operacional das Forças Armadas polonesas orientou a população a permanecer em casa, com três regiões do leste do país em risco maior. Vários aeroportos foram temporariamente fechados, incluindo aquele usado como principal rota de acesso a oficiais e suprimentos ocidentais para a Ucrânia.
A União Europeia classificou a entrada dos drones como intencional. A principal diplomata do bloco, Kaja Kallas, declarou que a guerra da Rússia está escalando e reforçou a necessidade de aumentar o custo para Moscou, fortalecer o apoio à Ucrânia e investir na defesa europeia.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy informou que 415 drones e 40 mísseis foram lançados contra a Ucrânia durante a noite, incluindo pelo menos oito drones iranianos Shahed direcionados à Polônia. “Um precedente extremamente perigoso para a Europa. É necessária uma resposta firme – e apenas uma resposta conjunta de todos os parceiros: Ucrânia, Polônia, Europa e Estados Unidos”, disse Zelenskiy.
Líderes europeus e americanos avaliam sanções coordenadas contra a Rússia, incluindo medidas sobre transportadores de petróleo. Esta seria a primeira ação conjunta dos Estados Unidos e da União Europeia contra Moscou desde que Trump retornou à presidência em janeiro, prometendo resolver a guerra em 24 horas.