Ponto, set, match

Atualizado em 1 de junho de 2013 às 18:13
Um jogo à base de implosão física e explosão mental

Do Hurlingham Park

Começou a temporada de tênis para mim.

Como jornalista, na semana que vem vou a Madri, para cobrir um torneio e levantar informações para um perfil que estou fazendo para a Alfa.

Como jogador, o sol de abril me permitiu pegar, enfim, minha raquete e rumar para o Hurlingham Park. As quadras – públicas – são agora de grama artificial. São lindas e macias.

O Hurlingham Park fala muito sobre a Inglaterra moderna. Ele foi construído e entregue ao público com um terreno  desapropriado, depois da Segunda Guerra Mundial, de um dos clubes mais fechados e ricos de Londres, o Hurlingham, berço do pólo a cavalo.

Enfrento Pedro, meu filho. Para equiibrar, saio com 15 em cada game e tenho a quadra inteira. Quer dizer, é um equilíbrio precário contra mim.

Penso em mim como jogador.

Não tenho explosão, como meu irmão e rival nas quadras Zé, um legítico antecessor de Nadal. O que tenho, como meu primo e também rival Márcio ou minha tia e comadre Teté, é implosão. Cada pique pode ser o último na partida ou mesmo no mês, para não falar na vida. Por isso, evito-os.

A direita é treinada. Ou era. Anderson, meu professor, sósia de Obama, fez um bom trabalho, considerados os limites do aluno. A esquerda, bem, passemos. Na rede, não que eu seja ruim. O problema é chegar lá. Muita distância para pouca velocidade. Tenho a sensação de que a metragem entre a rede e o fundo da quadra aumentou muito nos últimos anos. O saque é regular. Não agride ninguém, mas também não me torna um perdedor.

Cabeça? Passemos. Minha explosão nas quadras não vem da velocidade, mas da cabeça, da paciência limitada. Poderia talvez abrir uma loja de raquetes com as que quebrei na carreira. Meu apogeu aí foi ter quebrado uma que meu irmão me emprestou numa passagem recente pelo Brasil em que estava sem as minhas.

Pedro, o meu temível adversário

Quebrar a própria raquete é razoavelmente normal. Quebrar a que o adversário emprestou é coisa para poucos. Como diz minha caçula Camila, é uma coisa tão feia que chega a ser bonita.

A recompensa, nesta temporada tenística de Londres, vem de duas formas. Primeiro, jogar com Pedro. Depois, desfrutar do parque, como você pode ver nesta foto.

Para não provocar inveja, omito que me levantei de lá para tomar uma pint num pub ali em Parsons Green.