Tem acontecido uma coisa interessante: chegam a mim mensagens de jornalistas da Globo revoltados com o que estão vendo na empresa. Os indignados estão lotados sobretudo em Brasília e no Rio.
Todos, naturalmente, pedem anonimato.
Me disse um deles, que tratarei como X: “Desculpa o número de mensagens, mas estou revoltado. Não sou petista. Meu primeiro voto no PT foi na Dilma….. mas estou dentro dos acontecimentos e é muito clara a estratégia.”
A estratégia é destruir Lula, Dilma, o PT e, se possível, qualquer resquício de pensamento de esquerda que exista no Brasil.
X chama a atenção para postagens no Facebook do coordenador de jornalismo da Globo em Brasília, Esdras Paiva.
“Seguem dentro da linha do Erick Bretas, não? Peço mais uma vez que não mencione meu nome, para que eu não corra riscos profissionais.”
Eis as postagens de Esdras destacadas por X.
- “Seis milhões de brasileiros nas ruas num protesto sem bandeiras de partidos. E os petistas repetem o mantra do golpe criado pelo João Santana. Alguém tem que avisar para eles que esse papo de golpe não colou. E que o Santana tá vendo o sol nascer quadrado.”
- Maior manifestação da história do Brasil. Somos um país de coxinhas. Coxinhas golpistas.”
Pergunto a X quem é Esdras. Não o conheço. X me situa.
“No episódio da bolinha de papel do Serra o Esdras Paiva era editor-chefe do Jornal Nacional em Brasília. O caso foi um fiasco dentro da redação. Muita gente envergonhada e constrangida comentava a cobertura em flagrante desaprovação”, ele conta.
E continua: “Esdras ficou furioso com as críticas, defendeu que a matéria do dia seguinte seria uma aula de jornalismo. E o dia seguinte veio para desespero de todos … era o perito que afirmou que o que parecia uma bolinha de papel era, na verdade, um rolo de fita adesiva letal e descontrolado. “Poderia ter matado.” A matéria não convenceu de novo e Esdras fez questão de entregar à direção de Brasília os nomes dos rebeldes. A diretora naquela época era Sílvia Faria.”
Não a conheço também. Quem é Sílvia Faria?
X me esclarece:
“Ex-diretora da Globo brasilia. Atual diretora de jornalismo e braço direito do Kamel. Amiga que promove amigos apenas. Segura dezenas de informantes nas redações, como Esdras Paiva e Cleber Praxedes em Brasília. Foi a responsável por aquela orientação que vazou no ano passado e que determinava que qualquer menção a FHC em denúncias deveria ser omitida dos noticiários. Vazou em um domingo.”
X prossegue:
“Ela é violenta e odeia Erick Bretas, não por questões ideológicas (são farinhas do mesmo saco). O ódio deve-se a questões de ego. Há quem aposte que o envio de Erick do jornalismo para “mídias” deveu-se à subida dela na hierarquia.”
Bretas, sabemos, é que aquele diretor da Globo que se fantasia de Moro no Facebook, mediante um avatar, para pregar o golpe e a prisão de Lula. O DCM vai processá-lo pela calúnia de dizer que somos financiados pelo PT.
De X passemos a Y. Y narra outro bastidor do Planeta Globo.
“Todo mundo sabe que O Globo tem lado (errado), mas vocês sabiam que o editor de política do jornal em Brasília, Paulo Celso Pereira, é primo em primeiro grau do Aécio Neves? Aécio foi seu padrinho de casamento e eles se falam diariamente. Ou seja, desde a campanha eleitoral, tudo o que os repórteres apuram junto ao PT é repassado diretamente, sem escalas, para o Aécio.”
Y pede que não a identifiquemos. “Peço que não publiquem o meu email para não sofrer retaliações. Vocês sabem como eles jogam pesado.”
Sim, sabemos.
Ouçamos agora Z, do Rio de Janeiro. Z é da GloboNews.
“A gente odeia isso aqui”, escreve ele. “Apesar do perfil sempre conservador, havia espaço para ideias divergentes. Mas a equipe que fundou o canal foi toda afastada, nos últimos quatro anos? Coincidência? Duvido muito.”
Z prossegue.
“Os responsáveis: Kamel, Latgê e Eugênia Moreira. Mulheres foram afastadas após voltarem de licenças-maternidade. Profissionais sérios como Guto Abranches, Sidney Rezende ou André Trigueiro foram demitidos ou postos na geladeira.”
Algo mais?
Sim. “Filha do Merval editora-chefe do Jornal das Dez.”
Z conta que ela não usa o sobrenome paterno. Assina Joana Studart como jornalista. Aqui entra em cena W. “Todo mundo a odeia exatamente por ser filha do Merval”, conta W. “Uma vez, em Brasília, ela demitiu um cara aos gritos. O Ali Kamel estava lá, e teve que chamar a Joana num canto e pedir para ela se controlar porque as coisas não eram assim. Todo mundo que estava ali se lembra disso.”
Algo mais?
Sim. Z me manda um link. “Para você ter uma ideia de como a coisa anda por lá.” Abro o link. Ali está a informação de que a GloboNews contratou uma “faxineira espiritual” para espantar a “uruca” da redação.
“É real. Aconteceu”, diz Y. Ele conta ainda que um professor da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira, habitual comentarista da GloboNews, desistiu do canal por causa de sua radicalização. “Ele largou o estúdio no intervalo de um programa e nunca mais voltou.”
Em X, Y e Z você pode ter uma ideia de como está a vida, na Globo, para quem deseja ser mais que reprodutor dos interesses da família Marinho.
E finalmente: você só está lendo isso no DCM graças à internet, que arrebentou com o monopólio de informações da Globo e demais companhias jornalísticas.