Por que a imprensa não dá espaço a quem critica reforma da Previdência? Por Afrânio Silva Jardim

Atualizado em 25 de fevereiro de 2019 às 7:39

O QUE FAZER QUANDO TODA A GRANDE IMPRENSA EMPRESARIAL FAZ CAMPANHA SISTEMÁTICA CONTRA OS INTERESSES DO NOSSO POVO???

Realmente, no momento, eu não sei bem o que se possa fazer !!! O fato é que a grande mídia sempre se coloca a favor dos “investidores”, dos detentores do poder econômico. Sempre louva e se posiciona a favor do “deus mercado”.

A campanha que a grande mídia está fazendo a favor da “reforma da previdência” chega a ser vergonhosa, incorporando e divulgado o discurso das grandes corporações, principalmente, das ligadas ao mercado financeiro.

Uma pergunta preliminar: se esta reforma beneficia o povo trabalhador, por que os patrões e grandes empresários estão totalmente a favor e os sindicatos e entidades ligadas aos trabalhadores estão radicalmente contra a reforma ???

Na verdade, os trabalhadores não são defendidos. Muito pelo contrário, são esquecidos e desprezados por esta imprensa hipócrita e classista.

Talvez muito se deva a que, na maioria das grandes empresas de comunicação, os jornalistas não são considerados trabalhadores, pois são “obrigados” a se transformarem em pessoas jurídicas, que apenas prestam serviços a estas empresas de comunicação. É uma burla à legislação trabalhista e um grande prejuízo à previdência social !!!

Tudo isto é do conhecimento das autoridades públicas, mas ninguém faz nada … Pura hipocrisia.

Por outro lado, no meio corporativo, é uma sabida realidade o carreirismo, a subserviência ao patrão e a chamada autocensura. Isto fica evidente no jornalismo pátrio.

Com um povo com pouca instrução e sem informação crítica, como o nosso, o poder econômico “deita e rola”, formando, na opinião pública, a sua ideologia, a ideologia da classe dominante.

Mais grave do que distorcer os fatos relevante é escondê-los. A ocultação dos fatos não é percebida sequer pelo público mais atento e crítico. Isto é comum em nosso noticiário e só é descoberto por quem se socorre da mídia alternativa.

Importa salientar que estes jornalistas só convidam professores, previamente escolhidos, com o escopo de ratificar os seus comentários tendenciosos. Professores que querem se mostrar simpáticos à emissora …

Ademais, nos dias de hoje, a classe empresarial ganha grande ajuda e apoio das igreja evangélicas.

Desta forma, enquanto não se cria um instrumento legal e eficaz para regular a ética da imprensa, através de um organismo independente e plural, com total representação da sociedade civil, resta denunciar este descalabro e apoiar concretamente a imprensa alternativa.

Somente esta mídia alternativa, através da internet, mostra o que a grande imprensa oculta e critica os desmandos dos sistema econômico, sem o cinismo da falsa imparcialidade.

Não há imparcialidade quando, diante de um acontecimento absolutamente injusto e iníquo, a imprensa se limita a veiculá-lo e divulgá-lo, passando a ideia de que ele é meritório.

Estar do lado do mais fraco é eticamente desejável e busca o necessário equilíbrio nas relações sociais. Dar voz a quem não tem é democrático. Ficar do lado da justiça social e não de quem vive do trabalho alheio é ficar do lado da justiça e da maioria da população.

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Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito da Uerj