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Por que a Lava Jato tirou da cartola Palocci, cuja delação Moro desqualificou há menos de 1 ano. Por Kiko Nogueira

Agora vale

A Lava Jato podia dar menos bandeira com relação à sua perseguição judicial a Lula.

Tudo é conduzido de uma maneira absurdamente indecorosa. Pornografia pura.

Nesta quinta, dia 26, a delação premiada de Palocci foi fechada. A Globo pediu, Curitiba atendeu.

No home do jornal do grupo está lá a chamada, gloriosa, sobre “As balas na agulha de Palocci: o que o ex-ministro de Lula e Dilma pode revelar”.

Preso desde 2016, ele havia tentado um acordo com o Ministério Público.

A colaboração, assim como os termos dos benefícios, ainda precisam ser homologados pela Justiça, mas pelo padrão da turma, e dado o desespero, ele vai se dar bem.

Até agora, Palocci produziu muita espuma, como aquela frase de efeito idiota do “pacto de sangue” com Emílio Odebrecht.

A Veja embarcou numa fake news maluco beleza dando conta de que Kadafi, líder líbio morto em 2011, havia dado 1 milhão de dólares à campanha de Lula em 2002.

“Ação pode levar à cassação do partido”, prometeu a revista à sua legião de analfabetos fascistas funcionais.

Mas ninguém desqualificou Palocci como Sergio Moro.

Na sentença em que condenou o cidadão a mais de 12 anos de cadeia, Moro escreveu que as declarações dele “soaram mais como uma ameaça para que terceiros o auxiliem indevidamente para a revogação da preventiva, do que propriamente como uma declaração sincera”.

Palocci, de acordo com o magistrado, “é um homem poderoso e com conexões com pessoas igualmente poderosas”, que poderiam influir “indevidamente” no processo.

O ex-ministro teria detalhes de irregularidades cometidas por André Esteves, do BTG Pactual, e pelo ex-dono do Pão de Açúcar Abílio Diniz, entre outros.

Não prosperou.

O que mudou de lá para cá?

Ora. A decisão do STF de enviar os processos nos casos do sítio de Atibaia e do terreno do Instituto Lula para São Paulo.

Moro e a “força tarefa” têm que mostrar serviço. Não vão perder seu troféu de caça sem atropelar os inimigos — aí incluídos o Supremo e, num sentido mais amplo, o estado de direito.

O problema é que estão sumindo os coelhos gordos da cartola e o truque já não engana mais ninguém.

Resta jejuar.

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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