Vai indo que eu não vou: por que a manifestação convocada por atores da Globo foi um fiasco

Atualizado em 17 de outubro de 2014 às 17:27
grito da liberdade
Esperando o Wagner chegar

 

O “Grito da Liberdade”, manifestação convocada por atores da Globo, reuniu perto de 600 pessoas no centro do Rio de Janeiro no dia 31 de outubro. Foi um passeio agradável. Um vídeo havia sido gravado com a participação de Wagner Moura, Mariana Ximenes, Leandra Leal, Camila Pitanga, entre outros, chamando para o ato.

Em princípio, o mote era a violência policial. Mais tarde, pauta acabou com dez reivindicações (!). A saber: fim das prisões políticas; anistia aos processados e presos políticos; garantia do direito à livre manifestação; fim da violência policial; desmilitarização da PM; fim da pacificação armada; investigação dos crimes cometidos pelas polícias militar e civil; democratização dos meios de comunicação; em defesa do Marco Civil da Internet; a abertura de diálogo entre Estado e sociedade civil.

Tim Maia estava ali em espírito: tudo é tudo e nada é nada. Os outros, nem isso. O nível de comprometimento dos artistas ficou evidente quando nenhum deles compareceu. Ou melhor, a atriz Teresa Seiblitz estava lá. “É uma questão complexa, não tem como avaliar se black blocs são isso ou aquilo… Não sei. Mas o mais plausível é que seja um jeito de se defender da polícia”, disse. O rosto mais conhecido era o do rapaz que se fantasia de Batman.

O que o fiasco mostrou é que, primeiro, esse tipo de vídeo serve mais para os propósitos dos próprios artistas do que para o protesto. Depois, que a imagem da Globo está impressa em seus rostos. Por último, mas não menos importante, o vídeo-convocação era muito ruim. Mariana Ximenes garantia, a certa altura, que a coisa seria “lúdica”.

A solução: Wagner Moura. Sim, o Capitão Nascimento. Os artistas estão tentando convencer Moura a vestir a farda do Bope, como nos velhos tempos, e falar pra câmera: “Aí, quem não comparecer vai pro saco. Missão dada é missão cumprida! Se não for pra rua, vai pro microondaish!”. Moura ainda não concordou, mas está pensando com carinho no assunto.