A Pataquada da Semana — um prêmio especial outorgado pelo Diário — — vai para a mídia alemã.
Pobre Gunther Grass. Foi virtualmente chacinado por colunistas alemães por ter criticado Israel num poema de teor tão pacífico que você quase vê pombas saindo dos versos.
Como ele mesmo previra, foi acusado de antissemita, o que definitivamente não é. Seu passado como voluntário adolescente na SS foi também amplamente invocado, quase 70 anos depois. Bateram no velho escritor de 84 anos, Nobel de Literatura de 1999, sem pena.
Toda a bravura demonstrada agora pela mídia alemã ao desmascarar, entre aspas, Grass é uma espécie de compensação hipócrita e tardia pela covardia ignominiosa que essa mesma mídia demonstrou diante do avanço de Hitler e o nazismo na década de 1930.
Ora, antes de se tornar chanceler, Hitler escrevera num livro – e vivia repetindo – que seu objetivo era exterminar os judeus. Isso é uma coisa, um horror do qual resultaria o Holocausto, uma das páginas mais sinistras da história da humanidade. Outra coisa é criticar Israel.
É fácil agredir um ancião cuja arma é apenas a palavra. Difícil é enfrentar a fúria assassina de fanáticos como os nazistas de Hitler. Até a boa e serena revista Der Spiegel falou num sentimento de “ultraje” entre os alemães por causa do poema.
Ultraje porque um escritor escreveu um poema em que, acima de tudo, pregou a paz? Grass não defendeu o fim de Israel ou coisas do gênero. Apenas, como muita gente, se opôs à forma como Israel está administrando sua relação ao Irã.
Vamos simplificar, Ele simplesmente não quer guerra. Se você espremer os versos, sairá um singelo suco pacifista. Nada mais.
Valentia tem hora. A da mídia da Alemanha chegou com quase um século de atraso. Não é assim que os alemães vão se redimir de seu passado.
Uuuuuuuuu. Uuuuuuuu.
Vaias.
De pé.