Por que a polícia ainda não está no encalço do dono do site de fake news, ligado ao MBL, que difamou Marielle?

Atualizado em 24 de março de 2018 às 7:13

 

Desde os tempos do Orkut, Luciano Ayan é um ‘perfil’ que mente compulsivamente nas redes sociais.

Lá no início deste século criou uma comunidade chamada ‘Ciência sem fanatismos’ na qual apresentava-se como um médico que morava na Alemanha.

Misturava ciência com esoterismo e questionava as teorias de Stephen Hawking e também os princípios de Darwin. Gênio, ele.

Dizia seguir várias correntes, como a rosacruz, os alquimistas, maçonaria. Jogava tudo no liquidificador e escrevia sandices. Possuía, porém, seus ‘seguidores’ e comentaristas nos posts a darem-lhe ‘credibilidade’. Balela.

Há mais de 12 anos Luciano Ayan já tinha um exército de fakes para elogiar a si mesmo. Ou seja, mais de uma década antes do tema atingir a temperatura atual, Luciano Ayan adotava a prática trapaceira.

Entretanto, como só escrevia superficialidades sobre medicina e frases prontas que qualquer um obtém em buscas rápidas na internet (além de sequer saber digitar corretamente o nome da cidade alemã onde afirmava viver), Luciano Ayan foi caindo em descrédito.

Ao ser descoberto, um de seus seguidores comentou: “Coitado do Luciano, ele deve gostar de imaginar que é um cara rico, bonito, bem sucedido, um ariano puro.”

Pois bem, é este mesmo Luciano – tão ilibado – quem hoje administra o blog e a página do Facebook que foi responsável pela maior onda do tsunami difamatório envolvendo a vereadora Marielle Franco.

Foi ele o principal agente propagador a relacionar a vereadora a Marcinho VP, ao crime organizado, ao tráfico.

Foi imediatamente ecoado pelos fascistóides do MBL (Movimento Brasil Livre) e a coisa tomou a proporção que vimos. Trezentos e sessenta mil compartilhamentos das mentiras plantadas pelo tal Ceticismo Político de Ayan.

O Ceticismo Político tem como slogan ‘Análise política para adultos’ e na página do Facebook diz ser uma ‘Empresa de comunicação e notícias’. É tudo, menos isso.

O MBL jura de pés juntos que não conhece Luciano, que não possui nenhuma relação com o Ceticismo Político nem que seja proprietário do perfil Luciano Ayan.

Mas replicou o post, sem pestanejar, e ampliou ainda mais o estrago. ‘Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade’, lembrou ontem a irmã de Marielle, em discurso.

Agora O Globo noticia que, em conjunto com o LABIC (Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura) da Universidade Federal do Espírito Santo, investigou e ‘encontrou’ a origem da campanha difamatória.

Ora, Luciano Ayan (ou algo que o valha), seu blog Ceticismo Político e os meninos do MBL sempre fizeram uso de práticas similares. A Globo sempre soube como esses grupos operam e nada fez. Ou melhor, fez: apoiou, incentivou, assinou embaixo.

Não existem fotografias do tal Luciano Ayan em lugar nenhum, o que leva-nos a crer que ele talvez nem exista. Mas é cedo para comemorar que a casa tenha caído para ele. Hoje mesmo, em sua página no face, um de seus seguidores comentou:

O Globo soltou a matéria dizendo que você impulsionou as fake news sobre a venerável Marielle. Processo neles!”, escreveu Fernando Almeida.

Para entrar com uma ação é preciso, antes de mais nada, ser alguém. Quem é Luciano Ayan? Seus seguidores precisariam ser mais céticos (como ele mesmo sempre afirmou ser). Ou menos burros.