Por que aparecem agora os áudios do Queiroz sumido? Por Fernando Brito

Atualizado em 28 de outubro de 2019 às 7:12
Fabrício Queiroz, o motorista dos Bolsonaros. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

O áudio revelado agora de manhã pela Folha, onde o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, o operador das “rachadinhas” e milicianos no gabinete do Filho 01 na Assembleia do Estado do Rio de Janeiro, um dia depois daquele em que aparece sugerindo nomeações de R$ 20 mil em gabinetes do Congresso, por influência do ex-chefe, pode ter duas finalidades, diametralmente opostas.

A de ser um recado para os seus chefes, que o teriam abandonado, sem defesa e homiziado em algum lugar de São Paulo ou, ao contrário, por isso mesmo, mostrar uma “distância” dele que os proteja das investigações.

Primeiro, ele “valoriza o seu passe”, lamentando não estar em condições de continuar funcionando como “miliciano político” do clã:

“Com ele(s) lá em Brasilía eu podia estar que nem você, andando, aí dava para investigar, infiltrar…Botar um calunga (informante) no meio deles, entendeu…levantar tudo? A gente mesmo levantava essa parada aí…”

Depois lamenta o suposto abandono em que se encontraria:

“É o que eu falo, o cara lá está hiperprotegido. Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar aí. Ver e tal… É só porrada. O MP [Ministério Público] tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir”

Diz que o uso do Twitter, dirigido por Carlos Bolsonaro é uma tolice e recomenda usar Sergio Moro para partir para cima de Rodrigo Maia:

É f…, cara, aí não dá para entender. (…)Tão fazendo chacota do governo dele, Rodrigo Maia está esculachando. Rodrigo Maia, meu irmão, p… As declarações dele humilham o Jair, Jair tinha de dar uma porrada neste filho da p…Botar o Sergio Moro para ir no [en]calço dele, porque tem pica na bunda dele aí, antiga, cara…

E reclama que a pressão da imprensa fez Bolsonaro afastar funcionários antigos, como a ex-babá Cileide (Barbosa Mendes), empregada no gabinete de Carlos Bolsonaro:

Na época, o Jair falou para mim que ele ia exonerar a Cileide porque a reportagem estava indo direto lá na rua e para não vincular ela ao gabinete. Aí ele falou: ‘Vou ter que exonerar ela assim mesmo’. Ele exonerou e depois não arrumou nada para ela não? Ela continua na casa em Bento Ribeiro?

Manifesta, como se nada tivesse acontecido, o seu desejo de assumir o PSL no Rio, controlado por Flávio – assim que essa ventania tiver passado – para “burilar” o partido e faz questão de dizer que jamais irá trair o clã presidencial.

Seja qual for as intenções de começarem a surgir os áudios do desaparecido, uma coisa é certa: a família presidencial brasileira é um caso de milícia.

Ouça os áudios: