Por que Brasil não faz o mesmo que Bolívia, Chile e Colômbia e rompe com Israel?

Atualizado em 2 de novembro de 2023 às 17:00
Benjamin Netanyahu Lula da Silva juntos em 2010. Foto: UPI/Gil Cohen Magen/POOL

Quase um mês depois do começo do conflito entre o Hamas e Israel, alguns países latino-americanos retiraram seus corpos diplomáticos do território israelense em represália por conta da força dos contra-ataques do governo de Benjamin Netanyahu na região da Faixa de Gaza. No entanto, por que o Brasil não faz o mesmo? Há alguma chance de isso acontecer?

De acordo com a apuração do jornal O Globo, é pouco provável. Diferentemente dos países latino-americanos como Bolívia, Chile e Colômbia, que tiraram seus diplomatas de Israel, o Brasil tem cidadãos que estão em Gaza que precisam ser resgatados da guerra e, se houver algum rompimento com o Netanyahu, isso só atrapalhará a retirada dessas pessoas.

Na terça (31), o embaixador Alessandro Candeas, que é chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, afirmou ao jornal que um grupo de estrangeiros seria autorizado a cruzar a fronteira da Faixa de Gaza pela primeira vez. Porém, desde então, todas as listas que incluem estrangeiros que saem da região ainda não incluem brasileiros.

Destruição em Jabalia, maior campo de refugiados da Faixa de Gaza, após bombardeio de Israel. Foto: Bashar Taleb/AFP

Enquanto isso, o Itamaraty está fazendo esforços em várias frentes para conseguir a saída dos brasileiros o mais rápido possível. Outro ponto que reforça que o Brasil não vai se afastar de Israel é que não é tradição da diplomacia brasileira romper relações ou tomar explicitamente partido de um dos dois lados.

A questão essencial na equação do governo brasileiro é sempre a de permanecer na defesa do diálogo para chegar a soluções pacíficas. Ou seja, se convocar o embaixador em Israel, ou até mesmo romper relações com o país, fecharia um canal de comunicação.

Seria algo fora do tom da tradição diplomática brasileira, e algo que criaria empecilhos nos esforços de negociação que o país vem fazendo no âmbito da ONU. Uma das fontes do Globo, porém, fez uma ressalva: se Israel continuar a atacar hospital, campos de refugiados e outros alvos civis, a posição do Brasil pode mudar.

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