Quase um mês depois do começo do conflito entre o Hamas e Israel, alguns países latino-americanos retiraram seus corpos diplomáticos do território israelense em represália por conta da força dos contra-ataques do governo de Benjamin Netanyahu na região da Faixa de Gaza. No entanto, por que o Brasil não faz o mesmo? Há alguma chance de isso acontecer?
De acordo com a apuração do jornal O Globo, é pouco provável. Diferentemente dos países latino-americanos como Bolívia, Chile e Colômbia, que tiraram seus diplomatas de Israel, o Brasil tem cidadãos que estão em Gaza que precisam ser resgatados da guerra e, se houver algum rompimento com o Netanyahu, isso só atrapalhará a retirada dessas pessoas.
Na terça (31), o embaixador Alessandro Candeas, que é chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, afirmou ao jornal que um grupo de estrangeiros seria autorizado a cruzar a fronteira da Faixa de Gaza pela primeira vez. Porém, desde então, todas as listas que incluem estrangeiros que saem da região ainda não incluem brasileiros.
Enquanto isso, o Itamaraty está fazendo esforços em várias frentes para conseguir a saída dos brasileiros o mais rápido possível. Outro ponto que reforça que o Brasil não vai se afastar de Israel é que não é tradição da diplomacia brasileira romper relações ou tomar explicitamente partido de um dos dois lados.
A questão essencial na equação do governo brasileiro é sempre a de permanecer na defesa do diálogo para chegar a soluções pacíficas. Ou seja, se convocar o embaixador em Israel, ou até mesmo romper relações com o país, fecharia um canal de comunicação.
Seria algo fora do tom da tradição diplomática brasileira, e algo que criaria empecilhos nos esforços de negociação que o país vem fazendo no âmbito da ONU. Uma das fontes do Globo, porém, fez uma ressalva: se Israel continuar a atacar hospital, campos de refugiados e outros alvos civis, a posição do Brasil pode mudar.