Por que Dilma acertou tanto ao afagar como ao bater em FHC

Atualizado em 4 de setembro de 2012 às 14:53
Dilma e FHC

 

No capítulo das manifestações por escrito, Dilma está se saindo muito bem.

Primeiro, há alguns meses, ela fez um merecido reconhecimento à obra de Fernando Henrique Cardoso como presidente. Sob FHC, o Brasil se livrou da hiperinflação, um passo essencial para todos os demais que vêm sendo dados. Fato.

Agora, Dilma voltou a brilhar em mais um texto. O mesmo FHC que antes fora louvado recebeu uma justa pancada de Dilma. Com firmeza, ela respondeu às sandices eleitoreiras anti-Lula escritas por FHC num artigo de jornal. O PSDB de Fernando Henrique passa por uma dramática crise existencial. Está desconectado dos eleitores, está desconectado da voz rouca das ruas, está desconectado do que na linguagem moderna se define como os “99%”.

Toda esta desconexão pode levar o partido a perder o que lhe restou de relevante — São Paulo. A cidade primeiro e, depois, o estado. Daí ao cemitério da insignificância embolorada é um caminho curto e triste.

Para se reinventar, para voltar a fazer nexo num universo em que a prioridade entre as prioridades é a redução da desigualdade social, o PSDB tem que olhar com coragem para o espelho. Publicar tolices pseudosociológicas em jornais como fez FHC, num tom professoral e moralista que lembra Carlos Lacerda no uso oportuno de expressões como “crise moral”, sugere que o PSDB não está vendo sequer o problema — que dirá a solução.