Por que é necessário punir a agitação bolsonarista? Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 16 de dezembro de 2022 às 11:47
Bolsonarirstas em ato golpista.
Foto: Reprodução/Redes Sociais/PT

As manifestações da extrema-direita extrapolam a legalidade. Não é só o objetivo – impedir a posse do governo eleito, promover um golpe militar.

Os métodos dos bolsonaristas são criminosos, até terroristas: depredação, intimidação, agressão a civis, ameaças à integridade física de pessoas.

A impunidade do golpismo reforça a ideia de que a disputa política no Brasil hoje é um vale-tudo, incentiva a continuidade da violência política e mantém elevada a tensão política e reduz a autoridade do novo governo, legitimamente eleito.

São muitos os que precisam responder pelos atos de terror:

  • A massa de manobra ensandecida acampada na frente de quartéis e fazendo barreiras em rodovias.
  • Seus financiadores, de grandes e pequenos grupos empresariais.
  • Os influenciadores digitais que produzem as narrativas falsas que legitimam a arruaça.
  • O núcleo no Palácio do Planalto que incentiva tudo com suas mensagens (pouco) cifradas.

É a reconstrução da democracia que está em jogo.

A democracia nasce, como dizia Claude Lefort, do reconhecimento da legitimidade do conflito. Ou seja, é necessário aceitar a presença do adversário – e mesmo a possibilidade de que ele vença.

Ao construir sua narrativa de “o bem contra o mal”, fazendo do combate a Lula e ao PT uma guerra santa, o bolsonarismo mostra que é incompatível com a convivência democrática.

Punir os terroristas antidemocráticos demarca o que pode e o que não pode na política.

E, assim, é um poderoso incentivo para que as lideranças que aderiram a Bolsonaro não por fanatismo, mas por oportunismo, refaçam seus cálculos.

Originalmente publicado no FACEBOOK do autor

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Luís Felipe Miguel
Professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Demodê - Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades.