Por que Eduardo Bolsonaro quis impedir de falar o militar da FAB pego com cocaína, condenado a 6 anos?

Atualizado em 24 de fevereiro de 2020 às 12:59
O segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, pego com cocaína, é bolsonarista

O Diário de Sevilha deu matéria sobre o sargento Manoel Silva Rodrigues, da FAB, condenado a 6 anos de prisão na Espanha após ser flagrado com 39 quilos de cocaína numa avião da comitiva presidencial.

Manoel contou a cascata de que aquela era a primeira vez em que servia de mula para o tráfico. Nas viagens anteriores, ele comprava celulares para revender.

A cocaína era 80% pura e estava avaliada em 1,4 milhão de euros (R$ 6,6 milhões na taxa de câmbio atual). Para um estreante, uma missão e tanto.

O acordo foi fechado. Em setembro do ano passado, o DCM relatou que o militar estava processando Eduardo Bolsonaro, que queria impedi-lo de dar seu depoimento à Câmara.

Abaixo, a notícia no jornal sevilhano:

Manoel Silva Rodrigues, sargento brasileiro da comitiva do presidente Jair Bolsonaro preso em junho de 2019 no aeroporto de Sevilha com 37 quilos [na verdade, 39] de cocaína, acatou 6 anos e um dia de prisão na segunda-feira.

A promotoria antidrogas baixou seu pedido anterior por 8 anos de prisão e deixou a multa solicitada em 2 milhões de euros, em comparação aos 4 anteriores.

Em uma breve declaração perante o tribunal, o militar disse que, devido ao seu baixo salário, em todas as viagens oficiais ele costumava fazer algumas compras, especialmente de telefones celulares, que depois vendia em seu país.

Quando preso em Sevilha, foi a primeira vez em que ele servia de “mula” para traficantes de drogas. Ele afirmou que sabia apenas que a droga era destinada à Suíça e que deveria entregá-la em um hipermercado em Sevilha, onde o destinatário estaria vestido de uma certa maneira e lhe daria um sinal.

Reprodução do Diário Oficial da Justiça do Distrito Federal do dia 9 de setembro de 2019, em que consta o pedido do sargento preso na Espanha para ser ouvido na Câmara dos Deputados (Fonte: TJDFT)

Afirmou à Sétima Seção da Audiência de Sevilha que “lamenta profundamente”, pediu desculpas ao povo espanhol e disse que a sentença é “um castigo justo”. Seu desejo é retornar ao seu país o mais rápido possível, cuidar de sua família e ter um emprego honesto.

O julgamento ocorreu com a ajuda de um intérprete de português, mas foi muito rápido. A promotoria considerou que o sargento “foi sincero, reconheceu que sabia que o que estava carregando era uma droga e que foi a primeira vez que o fez”.

O advogado do réu, Enrique Rojo, disse aos repórteres que o tribunal deve agora determinar os termos para cumprir a sentença, embora o desejo de seu cliente seja começar a cumpri-la no Brasil o mais rápido possível.

O promotor e a defesa renunciaram à maioria das testemunhas e apenas os guardas civis que detectaram a droga e analisaram o esconderijo apareceram.

O agente que estava de serviço no controle alfandegário do aeroporto de San Pablo em 25 de junho de 2019 explicou que eles tiveram um problema técnico no scanner naquele dia e passaram as malas por raios X.

A mala imediatamente chamou sua atenção ele notou que a cocaína viajava em pacotes em forma de tijolo.

“O proprietário disse que era queijo, mas os pacotes pareciam diferentes. De qualquer forma, quando o vôo presidencial de um país não comunitário prossegue, a comida não pode ser introduzida na Espanha e abrimos a mala”, contou o agente.

Eles logo perceberam que era cocaína disposta em blocos marrons e amarelos e uma primeira análise confirmou sua primeira impressão.

Mala de cocaína que estava com sargento da FAB na Espanha