Por que Haddad está apostando na mobilidade urbana para ser reeleito em SP. Por José Cássio

Atualizado em 28 de junho de 2016 às 19:13

SAO PAULO 01 DE JULHO DE 2014. INAUGURACAO DA CICLOVIA DA AVENIDA DUQUE DE CAXIAS. PARTICIPAM O PREFEITO FERNANDO HADDAD O SECRETARIO MUNICIPAL DE TRANSPORTES JILMAR TATTO E SUBPREFEITO DA SE ALCIDES AMAZONAS. FOTO: FABIO ARANTES/SECOM

 

Para reverter a quarta colocação na pesquisa do Ibope, em que aparece atrás de Erundina (PSOL), Marta (PMDB) e Celso Russomanno (PRB), o PT espera convencer os eleitores de que Fernando Haddad deve ser reeleito para mais quatro anos de mandato apostando na principal bandeira de gestão do atual prefeito: a mobilidade urbana.

Para o vereador Paulo Fiorilo, presidente do diretório municipal do partido, esse é o grande acerto da gestão de Haddad.

“Quando você prioriza a mobilidade urbana, você está dialogando com todos aqueles que utilizam a cidade. Ou seja, com 100% da população”, diz o vereador.

Apesar de receber diversas críticas, as iniciativas nesta área de fato contam com o apoio da maioria dos paulistanos.

Segundo o próprio Ibope, 92% dos paulistanos aprovam os corredores de ônibus, locais reservados nas vias para a circulação do transporte público municipal.

A cidade, que até 2012 contava com apenas 90 quilômetros de faixas, passou a ter 412,6 quilômetros, superando com folga a meta inicial de 150 quilômetros.

As ciclovias e ciclofaixas, projetos polêmicos, são aprovadas por 51% dos entrevistados, contra 44% que as rejeitam.

Os críticos argumentam que as ciclofaixas foram mal planejadas e que não há demanda para elas. Moradores de áreas nobres da cidade chegaram a acionar o Ministério Público para impedir sua implantação nas vias de seus bairros.

Em 2012, 65% dos paulistanos afirmaram que deixariam o carro em casa se outras opções, como transporte público e bicicletas, fossem viáveis.

Em muitas cidades mundo afora, precisou-se de uma estrutura cicloviária para que a bicicleta se tornasse uma opção de transporte e que os ciclistas cresçam em número.

Já em 2014, o número de ciclistas em São Paulo havia crescido 50%, de acordo com o Ibope.

Com a redução de velocidade nas vias, a mesma coisa: 51% aprovam a iniciativa, contra 46% que a rejeitam.

Apesar das críticas, o fato é que, dois meses após sua implementação, houve uma queda de 36% no número de acidentes com vítimas e de 21% no de acidentes sem vítimas, sem contar a redução média dos congestionamentos em 6%.

“Nosso diálogo com a sociedade se sustenta na concepção de modernidade que este governo representa” explica Fiorilo. “São ações práticas que estão melhorando a vida das pessoas”.

Que isso desagrada setores conservadores não é novidade – e o PT sabe que jamais  vai contar com esses apoios.

A incógnita dessas eleições, porém, será a reação dos setores progressistas, já que, na pesquisa do Ibope, aparecem embolados no “segundo bloco” de onde, segundo os especialistas sairá o novo prefeito, Marta Suplicy (PMDB), Luiza Erundina (PSOL), o próprio Haddad e o representante do PSDB, João Doria.

Para Fiorilo, o candidato que irá aglutinar o apoio das camadas progressistas será Haddad.

Ele sustenta sua tese considerando o fato de Erundina estar em um partido pequeno, Marta em um partido sem militância e sem uma grande bancada de vereadores e a inexperiência de Dória.

“Trabalhamos com a leitura de que existe um caminho muito grande a ser percorrido – e o prefeito tem todas as condições de, novamente, ir para o segundo turno e ser reeleito. Além disso, é importante considerar que, nesta mesma pesquisa, quando o eleitor é perguntado espontaneamente, Haddad aparece em primeiro, à frente de Russomanno”.

O dirigente também lembra que, na disputa passada, o prefeito começou com 3% das intenções de voto e acabou vitorioso no final.

Pergunto como o partido está se organizando para lidar com a influência da crise nacional que o PT vem enfrentando. Fiorilo diz que vê essa crise também entre os adversários.

“Estamos vendo agora a situação do PMDB: presidente da Câmara afastado, presidente do Senado pode ser processado, o presidente interino mergulhado em denúncias”, explica. “Vamos para o PSDB, a mesma coisa. Então a crise é conjuntural, não de um partido isolado, e o eleitor, mais do que imaginamos, tem clareza disso”.

Outro ponto favorável, segundo Fiorilo, é a capilaridade do partido em todas as regiões da cidade – pesquisas mostram que, com 12%, o PT é o primeiro na preferência dos eleitores.

“A militância está respondendo positivamente porque entende a importância de fazer a defesa do PT e do governo de Fernando Haddad”, diz. “Temos 37 diretórios zonais organizados e ativos. Temos a maior bancada de vereadores, com 10 representantes. Nas nossas caravanas com o prefeito para prestar contas, a presença do público surpreende  pela quantidade e pela empolgação. As perspectivas são excelentes”.