Por que o Corinthians vai ganhar do Chelsea, segundo o colunista inglês Scott Moore

Atualizado em 1 de fevereiro de 2013 às 4:22
Romarinho

Ladies & Gentlemen

Em minhas novas funções, tenho acompanhado o campeonato brasileiro, aqui de Londres.

Domingo, 8 da noite, é sagrado: futebol do Brasil. Chrissie, minha mulher, que como vocês sabem discorda de mim em tudo, gostaria de ver tolices como um daqueles dramas de época insuportáveis da BBC. Mas o controle remoto é meu.

Meu time no Brasil, por razões sentimentais e futebolísticas, é o Santos de Pelé. Como o Barcelona, o Santos construiu uma cultura ofensiva e criativa que o impede de jogar com a falta total de beleza e charme do Manchester United, por exemplo.

Mas vi o time do boss, domingo passado. E admito: fiquei impressionado. O Corinthians ganhou de três e poderia ganhar de seis, como se fosse um set em Wimbledon.

Duas coisas, particularmente, me agradaram. Primeiro, o conjunto. É um time claramente entrosado, em que os jogadores se conhecem, se respeitam, se ajudam – e se completam. O técnico não atrapalha, o que já é muito quando pensamos em Mourinho, Capello e até Big Phil, o Felipão.

Disse ao boss, quando fomos tomar uma pint no pub de Parsons Green na segunda: “Você vai ser campeão mundial.” Ele demorou um pouco para entender que eu estava falando do Corinthians.

O Corinthians – Timão, como vocês dizem, e lamento não conseguir dizer senão Timáum – tem exatamente o que falta ao Chelsea, seu adversário provável na final do campeonato mundial de clubes no Japão: entrosamente. É um time formado. Bem formado, emendo.

O Chelsea, ao contrário, está em fase de reconstrução. Perdeu Drogba, seu melhor jogador. Em seu lugar entrou um espanhol que é uma piada, o falso louro Torres. Terry e Lampard, a dupla que representa a alma do time, são, na soma da idade, septuagenários.

O sangue novo está em dois brasileiros que vocês conhecem, Ramirez e Oscar. Ramirez corre mais do que joga. Oscar é um Kaká com a metade da altura, do peso e do talento.

São grandes as chances do Corinthians.

E então chego à segunda coisa que me despertou a atenção no jogo. Romarinho, o jovem atacante. Como seu homônimo, Romarinho parece reunir todas as virtudes que um homem de frente tem que ter: é hábil, finaliza bem, sabe se colocar, não se intimida.

E mais importante: não parece carregar o peso da máscara que atrapalha o promissor Neymar. (Notem meu adjetivo: promissor. Ele ainda tem que entregar muito para ser levado a sério no mundo do futebol.)

Se jogar habitualmente como vi no domingo, a seleção brasileira de 2014 deveria ser Romarinho mais 10.

All the best.

Scott