Por que o dono da Havan quer o fim da Justiça do Trabalho. Por Donato

Atualizado em 17 de janeiro de 2019 às 10:52
Jair Bolsonaro com Luciano Hang, dono das lojas Havan

O folclórico Luciano Hang, dono das lojas Havan, acaba de ganhar mais um processo para sua imensa coleção.

O Conselho Federal da OAB entrou com uma ação contra o empresário bolsonarista por suas ofensas contra a entidade e, consequentemente, a de todos os advogados.

Favorável à extinção da Justiça do Trabalho, Luciano Hang utilizou-se das redes sociais – meio oficial da ‘nova era’ – para chamar advogados trabalhistas de “porcos que se acostumaram a viver num chiqueiro” e outras ofensas.

A OAB estipulou a ação em R$ 1 milhão.

Por que Hang quer ver a Justiça do Trabalho extinta?

Antes de mais nada, o empresário tem um abacaxi e tanto nas mãos. Por sua coação a 15 mil funcionários na qual exigiu o voto em Bolsonaro para presidente, ele já está sendo processado pelo Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina em R$ 25 milhões por dano moral coletivo.

Nada impede, no entanto, que Hang ainda tenha que ressarcir individualmente a cada um dos 15 mil empregados. O MPT sugeriu o valor de R$ 5 mil para cada funcionário, o que acrescentaria uma conta de R$ 75 milhões.

Tamanho total do abacaxi: R$ 100 milhões.

Justiça do Trabalho e Ministério Público dão urticária em Luciano Hang.

O empresário já foi condenado a 3 anos, 11 meses e 15 dias de cadeia por pagar parte do salário de seus funcionários por fora. Sem o registro em carteira do valor cheio, esse ilibado empresário defensor da moral e dos bons costumes tinha custos menores com a Previdência. Segundo o Ministério Público Federal, a sonegação passou de R$ 10 milhões no período em que praticou-a (Hang, entretanto, nunca foi preso, a pena de detenção foi substituída pela prestação de ‘serviços à comunidade’).

Luciano Hang pactua da filosofia bolsonarista de que ‘é difícil ser patrão’. Jair Bolsonaro, que já extinguiu o Ministério do Trabalho, tem dito agora aos quatro ventos que pensa em acabar com a Justiça do Trabalho, algo que ele considera ‘excesso de proteção’.

A Associação Juízes para a Democracia (AJD) está com um dossiê pronto para rebater o presidente e manifestações em defesa da Justiça do Trabalho estão sendo marcadas para os próximos dias. Em São Paulo haverá um abraço em torno do Forum da Barra Funda.

Pela mesma atitude (o vídeo em que fazia ameaças de fechamento de lojas caso Bolsonaro não vencesse), uma ação foi movida pedindo inelegibilidade de Bolsonaro e a cassação do mandato por abuso de poder econômico. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) arquivou a ação.

Até hoje não está clara a participação de Luciano Hang na alavancagem das mensagens de Whatsapp durante a campanha eleitoral e talvez nunca saibamos dado a propensão a ser mais um caso à la Queiroz do novo governo.

O dono da Havan é o típico hipócrita da direita. Prega o Estado mínimo e quer ver Lula apodrecer na cadeia. Mas durante o governo do petista, Hang obteve pelo menos 50 empréstimos do BNDES para financiar a expansão de suas atividades comerciais no país. Em nove anos ele abriu quase 100 lojas em 13 estados do país. Detalhe: foram R$ 20,6 milhões na modalidade Finame, que se destina à aquisição de ‘máquinas e equipamentos para financiar produção industrial’. Nada a ver, portanto, com uma rede de lojas de varejo.

Hang já foi autuado pela Receita Federal por manobra financeira envolvendo a rede de lojas para tomar o empréstimo para ele mesmo, como pessoa física (eram R$ 100 milhões então dinheiro para a ação trabalhista pela coação feita aos funcionários, em tese, ele tem).

O trabalhador da ‘nova era’ não terá como se proteger das atrocidades de empresários como Luciano Hang e nem verá uma aposentadoria no horizonte. Melhorou né?