
Uma enquete no site da Câmara dos Deputados mostra que 87% “discordam totalmente” do Projeto de Lei (PL) nº 1.904/24, que equipara o aborto de gestação acima de 22 semanas ao homicídio, incluindo casos de estupro de crianças e mulheres. O montante representa 718 mil votos até a tarde desta sexta, 14.
São 13% os que dizem “concordar totalmente” com a proposta, representando 87.476 votos. Na quarta (12/6), a Câmara dos Deputados aprovou, “às escuras”, o requerimento de urgência do texto. A votação ocorreu de forma simbólica, sem identificar os votos. A deliberação também não foi anunciada em plenário.
A repercussão imediatamente tomou as redes sociais. Na quinta-feira (13/6), manifestações foram registradas nas capitais do país. São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Florianópolis, por exemplo, tiveram ampla adesão.
Em meio a um cenário político já tumultuado, Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, está no centro de uma controvérsia que ameaça seu capital político. Este movimento, que parecia inicialmente uma tentativa de abordar uma questão sensível e dividir a opinião pública, acabou se transformando em um tiro no pé para Lira. Vejamos os principais motivos que levaram a essa situação.

1. Divisão da Base Aliada
Lira conta com uma base aliada composta por uma ampla gama de partidos, muitos dos quais possuem fortes inclinações conservadoras. A introdução do PL alienou imediatamente uma parte significativa dessa base. Deputados e partidos que se posicionam fortemente contra o aborto começaram a se distanciar de Lira, criando uma fissura na coesão necessária para a aprovação de outras pautas prioritárias.
2. Reação da Sociedade Civil
A sociedade civil brasileira é amplamente dividida em relação ao tema do aborto. A mobilização popular contra o projeto foi rápida e intensa, resultando em protestos, campanhas nas redes sociais e pressão direta sobre os deputados. Lira virou alvo das manifestações.
3. Repercussão na Mídia
A mídia desempenhou um papel crucial na amplificação da controvérsia. A cobertura extensa e frequentemente crítica ao projeto contribuiu para moldar a percepção pública de que Lira estava promovendo uma agenda divisiva e, possivelmente, usando o tema do aborto como uma cortina de fumaça para outros interesses políticos.
4. Erosão do Apoio Parlamentar
Dentro da própria Câmara, muitos deputados começaram a ver a liderança de Lira com desconfiança. A habilidade de um presidente da Câmara está intrinsecamente ligada à sua capacidade de unir e liderar. Com o foco no polêmico projeto, Lira viu-se cada vez mais isolado, com dificuldades para angariar apoio para outras medidas legislativas. Isso criou um efeito cascata, onde sua capacidade de governar de maneira eficaz foi questionada.
5. Impacto nas Eleições Futuras
Lira, que possui ambições políticas futuras, incluindo a possibilidade de reeleição ou até mesmo uma candidatura a cargos maiores, agora enfrenta um cenário eleitoral complicado. Os eleitores, particularmente em sua base no estado de Alagoas, podem ver sua postura em relação ao aborto como um afastamento dos valores locais. Esta percepção pode influenciar negativamente seu desempenho em futuras eleições, minando suas aspirações políticas a longo prazo.
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