Talento, beleza, vigor, sucesso e além do mais simpatia: quem poderia mesmo resistir a ela?
Joss Stone faz você acreditar que a carreira musical não é destrutiva. Não é pouca coisa. Cultivo a tese de que a arte é fruto da grande dor, mas Joss, inglesa de Kent, parece teimosamente me contrariar. Aos 25 anos, menina prodígio que aos 13 ganhou um programa de calouros na BBC e aos 16 lançou um CD que vendeu 11 milhões de cópias no mundo, ela tem uma aparência extremamente saudável. É o oposto, nisso, de sua torturada conterrânea e contemporânea Amy Winehouse, morta aos 28.
Os brasileiros ficaram encantados com ela no curso dos quatro shows que ela acaba de fazer no país como parte da excursão que divulga seu novo álbum, Soul Sessions vol II. Lady Gaga saiu do Brasil desprezada, mas Joss ganhou um número considerável de apaixonados.
Joss, como Amy e Adele, construiu seu futuro com base no passado. Sua inspiração foram as cantoras americanas de soul music, como Aretha Franklin e Whitney Houston. (No final deste texto, você pode vê-la num tributo a Aretha.)
De onde vem tanta vitalidade? A própria Joss tem uma sugestão: do vegetarianismo. Ela já nasceu vegetariana, como parte da criação dada pelos pais. Para quem tem dúvida da eficácia da dieta vegetariana, Joss é uma resposta positiva. Basta olhá-la. Parece uma atleta, e das bonitas, e nisso é ajudada pelo 1m78.
Tem um ar natural, sublinhado pelos pés descalços com que se apresenta no palco, a exemplo de Alanis Morrisette. E tem personalidade: gastou um enorme tempo e dinheiro para romper o contrato com sua antiga gravadora, a EMI.
Num programa da BBC, ela explicou por que não quis mais a gravadora: “Eles diziam até a cor do cabelo que eu devia ter, e as roupas, etc. Quero ser eu mesma.”
Sócrates não falaria coisa mais sábia. Essa sabedoria parece dar a ela a possibilidade de comandar seu sucesso, em vez de ser comandado por ele.
Clap, clap, clap para Joss Stone.
De pé.