Por que os Estados Unidos são tão detestados

Atualizado em 2 de junho de 2013 às 9:35

Esta é uma questão sobre a qual os americanos deveriam se deter com profundidade e coragem.

Bandeira americana queimada no Paquistão

Por que os Estados Unidos são tão detestados no Oriente Médio?

Na chamada “Guerra ao Terror”, esta é uma questão sobre a qual os americanos deveriam se deter com profundidade e coragem.

Nada alimenta tanto o terrorismo quando o ódio movido aos Estados Unidos.

Bin Laden não teria abandonado os confortos de uma vida de milionário se não detestasse tanto os Estados Unidos.

O jornalista americano Steve Coll, no seu aclamado “Os Bin Ladens”, um livro que conta a história da família empreendedora  de Osama,  cita um fato que faz pensar.

Segundo ele, mesmo em círculos moderados no Oriente Médio  — estamos falando de gente que não apóia o extremismo – não houve condenação ao atentado de Onze de Setembro. Havia um sentimento, diz Coll, de que os Estados Unidos “tinham merecido” aquele castigo.

Tanto assim que bin Laden virou um herói na região. Os índices de aprovação a ele eram enormes nos países do Oriente Médio. No Paquistão, onde afinal ele morreria, dois terços da população o apoiavam.

Por quê?

Porque ele simbolizou o ódio aos Estados Unidos, tão arraigado por lá.

Sua própria família, longe de ter sido estigmatizada, viu crescerem os negócios depois do atentado que tornou mundialmente conhecido bin Laden.

Sem um exame de consciência para tentar entender o horror que provoca entre os árabes, os Estados Unidos podem matar quem for – que o mundo não vai ficar mais seguro.

Acabo de ler um livro chamado “Meu Diário de Guantánamo”, de uma advogada americana de origem afegã chamada Mahvish Rukhsana Khan.

Espero que seja lançado no Brasil. É um livro que ajuda a entender melhor o mundo contemporâneo.

Mahvish,  uma americana que chega a chorar quando ouve o hino de seu país, frequentou como advogada Guantánamo.  O que viu lá virou um livro. Mahvish, por causa dele, tem feito palestras para contar suas histórias de Guantánamo. (Abaixo deste texto,  você pode ver um vídeo dela.)

Vou transcrever trechos do  depoimento de um detento a ela:

“Os americanos disseram que foram ao Afeganistão combater violações de direitos humanos do Talibã. Mas os Estados Unidos mostraram ao mundo que não respeitam os direitos humanos. Eles agrediram leis internacionais. Bombardearam casamentos. Bombardearam funerais, e mataram gente que chorava seus mortos queridos. Bombardearam casas e mataram meninos e meninas. Que crimes estas pessoas cometeram? “

O problema com o governo americano é que suas decisões são enviesadas.  São governadas pela ganância. Os americanos querem o petróleo, e tudo que lhes seja favorável. Quando eles chegaram ao Afeganistão, gostamos. Considerávamos os Estados Unidos nossos amigos nos tempos em que fomos ocupados pela Rússia. Mas depois as bombas começaram a cair do céu. Os americanos destruíram o que restava de nós, e começaram a nos prender sem julgamento e sem evidências.”

“Os Estados Unidos não estão em condições de falar em democracia. Eles têm que mexer muoto neles mesmos antes de falar pelos outros. Não estou dizendo que todos os americanos seja ruins. Há bons e há maus. Mas há dois nomes nesta questão do terrorismo que merecem sua má reputação: o Talibã e os Estados Unidos.”

É tão difícil entender a origem do ódio aos americanos?
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