Por que os reféns são tão importantes para o Estado Islâmico

Atualizado em 5 de fevereiro de 2015 às 16:41
O piloto jordaniano Muath al-Kaseasbeh
O piloto jordaniano Muath al-Kaseasbeh

Publicado na DW.

 

O piloto jordaniano Muath al-Kaseasbeh foi executado da forma mais brutal – queimado vivo dentro de uma jaula. Dias antes, o refém japonês Kenji Goto havia sido decapitado publicamente, da mesma forma que seu compatriota Haruna Yukawa.

Nos três casos, o “Estado Islâmico” (EI) falhou em dois de seus objetivos: não recebeu do Japão o resgate exigido de 200 milhões de dólares; nem conseguiu da Jordânia a libertação da jihadista iraquiana Sajida Al-Rishawi, que acabou sendo executada num ato de vingança.

Mas em outro de seus objetivos a organização terrorista conseguiu ter êxito: atraiu a atenção mundial.

Ocidentais como alvo

Por meio dos reféns, o “Estado Islâmico” pretende conseguir tanto o dinheiro do resgate quanto fazer propaganda. Principalmente quando se trata de estrangeiros.

Mas também o sequestro e deportação de moradores cristãos ou yazidis das regiões conquistadas no norte do Iraque, em meados do ano passado, encheram os cofres do EI. Eles foram vendidos como escravos ou libertados por meio de resgate.

Muçulmanos xiitas e combatentes sunitas inimigos também foram sequestrados, torturados, abusados e comercializados.

No entanto, foi o sequestro de cerca de 20 reféns ocidentais que ganhou mais atenção internacional. Desses, 15 foram libertados – provavelmente depois do pagamento de resgate. Os últimos a serem soltos, em agosto de 2014, foram o alemão Toni N. e o fotógrafo dinamarquês Rye Ottosen.

Sabe-se que dois reféns ainda se encontram em mãos do EI: uma americana de 26 anos, cujo nome é desconhecido e que queria prestar ajuda humanitária; e o jornalista britânico James Catlie. Ele foi sequestrado em 22 de novembro de 2012 ao lado do fotógrafo americano James Foley.

Eles foram os primeiros reféns do grupo terrorista. E Foley foi o primeiro refém ocidental a ser executado publicamente, em agosto do ano passado. Na época do sequestro de Catlie e Foley, o “Estado Islâmico” ainda não existia em sua forma atual. Eles foram sequestrados por outra milícia, que mais tarde se aliou ao EI. Atualmente, Catlie é o prisioneiro há mais tempo em mãos dos jihadistas.

Entre o resgate financeiro e militar

Catlie está sendo usado pelo EI para fins de propaganda. Em vídeos de internet, ele faz passeios pelas cidades conquistadas pela milícia, como, por exemplo, Mossul.

Os dois reféns japoneses só caíram nas mãos dos terroristas mais tarde: Yukawa desapareceu em agosto de 2014, enquanto Goto foi capturado ao viajar para a Síria, em outubro do ano passado, à procura do compatriota.

Contando o piloto jordaniano, foram mortos nove prisioneiros. Cinco deles vinham do Reino Unido ou dos EUA. Ambos os países rejeitaram o pagamento de resgate.

Acredita-se, no entanto, que França, Espanha, Alemanha e Dinamarca pagaram milhões pela liberdade de seus cidadãos – mesmo que o Ministério do Exterior em Berlim tenha declarado explicitamente, após a libertação de Toni N., que não foi pago “nenhum dinheiro público.”

Atualmente, já se discute na mídia americana a possibilidade de uma operação militar para a libertação dos dois reféns restantes, principalmente do prisioneiro americano. Em meados do ano passado, no entanto, fracassou uma missão para a libertação dos reféns James Foley e Steven Sotloff, que acabaram sendo executados. Quando as forças especiais chegaram ao local, os prisioneiros já haviam sido transferidos.