Tanta gente para provocar indignação.
Eduardo Cunha. Aécio. FHC. Gilmar Mendes. Moro. Os Marinhos, os Frias, os Civitas, os Mesquitas e seus colunistas e editores amestrados.
Tanta gente.
E eis que os trovões dos revoltados vão dar em Jean Wyllys, a mais combativa voz progressista em muitos anos. Onde há excluídos, onde há humilhados e ofendidos, onde há minorias oprimidas – ali está JW para tomar-lhes a defesa.
Os ataques a JW derivam de sua visita a Israel, a convite de uma universidade local.
Um momento.
JW foi a Israel apoiar o governo local? Não. Foi criticar os palestinos? Não. Foi defender a ocupação? Não.
Muito bem. Por que então tanta indignação?
Aí começa a confusão.
O ativista de direitos humanos Paulo Sérgio Pinheiro liderou as críticas nas redes sociais com um vídeo em sua página no Facebook no censurou vitriolicamente JW.
Pinheiro, sentado numa poltrona em sua casa, listou os crimes de Israel como se JW tivesse alguma responsabilidade por eles por pegar um avião e descer em Telavive.
A história não terminou bem para ele.
O acadêmico que convidou Jean Wyllys, James Green, disse, também num vídeo, que estivera sentado naquela mesma poltrona para conversar com Pinheiro sobre uma futura visita nos mesmos termos deste a Israel.
Green disse que Pinheiro sabe muito bem que ele é contrário à ocupação. Contou que é parte da programação levar JW aos territórios ocupados. Perguntou por que Pinheiro não lhe mandou um email para esclarecer dúvidas, se as tivesse.
E arrematou: “Que é isso, companheiro?”
O vídeo de Green soou como um nocaute em Pinheiro.
Mas não cessou o coro dos revoltados. Muitos dos críticos alegam que JW furou um “boicote” a Israel.
A mesma coisa foi alegada, algum tempo atrás, contra Caetano e Gil por se apresentarem em Israel.
O músico Roger Waters, ex-Pink Floyd, chegou a escrever-lhes cartas públicas para tentar dissuadi-los de cantar para os israelenses.
Quer dizer.
O artista não deve fazer shows em Israel porque o governo local é bélico.
Tudo bem. Mas então esse tipo de ação moral tem que ser estendida. Você não vai a Israel, mas vai aos Estados Unidos, cujos drones assassinam crianças, velhos e mulheres no mundo muçulmano cotidianamente? Vai à Inglaterra de Waters, que apoia a política predadora americana? Ou à França, que faz a mesma coisa?
Ora, ora, ora.
Ficamos assim. Se dependesse de pessoas como Jean Wyllys, o mundo seria muito mais pacífico, justo e igualitário do que é.
Não haveria palestinos oprimidos, e nem crianças paquistanesas e afegãs e de tantos outras lugares mortas por bombas dos Estados Unidos e aliados.
Para onde quer que vá, Israel incluído, JW vai levar com ele sua mensagem de fraternidade e paz entre os homens.
Por tudo isso, e muito mais, deixemos JW em paz.