
Com 25 casos confirmados e outros 160 suspeitos de intoxicação por metanol, São Paulo concentra o maior número de vítimas do país. As cinco mortes registradas até agora ocorreram no estado. Apesar da gravidade, o governo paulista afirma que não há indícios de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) nos casos de bebidas adulteradas. A Polícia Civil e o Ministério da Justiça investigam a origem da substância usada na falsificação.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), os crimes são cometidos por pequenos grupos isolados, sem ligação direta com facções. “Não há nenhum indício de que eles estejam juntos nesse processo. O PCC lucra exponencialmente com o tráfico internacional de drogas, e esse tipo de crime não tem a rentabilidade que a facção busca”, disse Derrite.
A hipótese de envolvimento do PCC surgiu porque a facção já é investigada por adulterar combustíveis com metanol em esquemas de lavagem de dinheiro. No entanto, as investigações da polícia paulista indicam que, neste caso, os falsificadores compraram a substância por engano, acreditando tratar-se de etanol comum. Uma das fábricas clandestinas fechadas pela polícia ficava em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e teria fornecido bebidas contaminadas que causaram duas das mortes.

De acordo com a Polícia Técnico-Científica, as amostras coletadas na fábrica apresentavam entre 10% e 45% de metanol — quantidade suficiente para causar intoxicação grave e morte. “O metanol foi colocado de forma intencional nas bebidas, não se trata de contaminação acidental”, afirmou o superintendente Claudinei Salomão. A descoberta reforça a hipótese de falsificação deliberada, mas sem a estrutura de uma organização criminosa.
A força-tarefa estadual já interditou dezenas de estabelecimentos, como adegas, distribuidoras e bares, e prendeu 24 pessoas desde o início da operação, em 29 de setembro. As ações são realizadas por equipes da Polícia Civil, Vigilância Sanitária e Procon, que recolhem garrafas suspeitas e identificam os locais de produção. A maioria dos produtos adulterados era vendida em embalagens de marcas conhecidas.
O Ministério da Justiça, por meio da Polícia Federal, também apura se parte do metanol usado nas bebidas pode ter vindo de tanques e caminhões abandonados por facções criminosas após a Operação Tank, que investigou fraudes no setor de combustíveis. O governo paulista, no entanto, reforça que, até o momento, não há qualquer evidência de articulação entre os falsificadores e o PCC.