Por que todo mundo está falando do grupo russo Pussy Riot

Atualizado em 17 de agosto de 2012 às 11:12
As meninas do PR

 

Nem Lady Gaga, nem Rihana, nem Beyoncé.

Ninguém, no mundo da música pop contemporânea, tem recebido uma cobertura tão maciça da mídia mundial – e nem tem despertado reações tão apaixonadas em escala planetária – como o grupo punk feminino russo Pussy Riot.

Não exatamente pela música – até porque a especialidade do PR são performances, não melodias.

Foi uma dessas performances, no começo do ano, que projetou as garotas do PR à celebridade. Elas protestaram estrondosamente contra o retorno de Vladimir Putin à presidência. Invadiram a catedral da Igreja Ortodoxa em Moscou e, com as balaclavas no rosto que marcam suas apresentações, cantaram uma música em cuja letra a Virgem Maria era invocada contra Putin.

A Rússia é um país profundamente religioso, e milhões de pessoas no país se sentiram profundamente ultrajadas. Três das integrantes da PR foram identificadas e presas por vandalismo – e então a mídia internacional começou a cobrir incessantemente o caso.

Por duas razões, principalmente. Primeiro, porque apareceu uma oportunidade de dar uma pancada na Rússia e em Putin. Mesmo com o fim da União Soviética, os russos continuam a ser vistos com desconfiança pelos americanos e seus aliados – um sentimento amplamente correspondido.

Depois, porque as garotas são bonitas e atrevidas, e além do mais surgiram com a aura – discutível – de mártires da liberdade de expressão.

Alguns chegaram a comparar o julgamento delas com os julgamentos comandados por Stálin na década de 1930 para liquidar companheiros seus bolcheviques que ele via como ameaça a seu poder.

Pataquada. Se houvesse alguma similitude, as meninas – como fizeram as vítimas de Stálin – teriam confessado crimes horríveis e depois simplesmente desapareceriam. Fato: desde Stálin, a Rússia melhorou.

Hoje, elas foram julgadas culpadas de vandalismo. A pena para casos como os delas, em que existe o agravante religioso, varia entre três e sete anos. Mas, numa passagem por Londres para assistir a competições de judô, em que é faixa preta, Putin deixou claro que a pena deveria ser mais leve. Foi mesmo. Dois anos de prisão, decretou a justiça  russa. Elas já cumpriram parte disso, e é provável que, com bom comportamento, sejam libertadas antes do prazo estipulado pelo tribunal.

E então, dada a precariedade de sua arte e a falta de foco e de profundidade de sua causa, as jovens russas fatalmente desaparecerão dos holofotes com a mesma velocidade com que surgiram.