
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deixou uma reunião na Casa Branca sem obter um compromisso dos Estados Unidos para o fornecimento dos mísseis de cruzeiro Tomahawk, segundo relatos da conversa com o presidente americano Donald Trump.
Após o encontro, Zelensky afirmou que o tema dos mísseis de longo alcance foi tratado de forma cordial, mas ambos decidiram não emitir declarações públicas sobre o assunto porque, segundo ele, os Estados Unidos não querem uma escalada. Em seguida, Trump usou as redes sociais para pedir que Quívia e Moscou “ parem onde estão” e encerrem o conflito.
O encontro ocorreu um dia depois de Trump ter conversado por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, e ter concordado em se reunir com ele na Hungria em data ainda a ser definida.
Zelensky defende que o uso de Tomahawks contra instalações de petróleo e energia na Rússia poderia enfraquecer a economia de guerra de Putin. Trump, no entanto, adotou tom pouco compromissado na Casa Branca: “Espero que não precisem disso, espero que consigamos encerrar a guerra sem pensar nos Tomahawks”, disse o presidente americano, acrescentando: “Acho que estamos bastante perto disso.”
Trump chamou as armas de “algo importante” e argumentou que os EUA também as necessitam para sua própria defesa. Ele admitiu que a entrega poderia provocar nova escalada, mas disse que as conversas sobre o envio continuariam. Perguntado pela BBC se a existência da possibilidade de Tomahawks teria motivado a conversa de Putin com Trump, o presidente respondeu: “A ameaça disso é boa, mas a ameaça disso sempre existe.”
Durante a reunião, Zelensky sugeriu a possibilidade de oferecer drones em troca dos Tomahawks, gesto que arrancou sorrisos e acenos de Trump. O presidente ucraniano também elogiou o papel de Trump na negociação da primeira fase de um acordo de paz no Oriente Médio e sugeriu que esse impulso poderia ser aproveitado para buscar um fim da guerra contra a Rússia.
🇺🇦🇺🇸 Zelensky wants Tomahawks, and in exchange he wants to give Trump Ukrainian drones.
Another camera angle shows Trump and Vance laugh when Zelensky mentions his "drones for Tomahawks" proposal. pic.twitter.com/aVlh1UXpVm
— DD Geopolitics (@DD_Geopolitics) October 17, 2025
Ao ser questionado por repórteres fora da Casa Branca sobre se Putin realmente deseja um acordo ou apenas ganha tempo ao marcar um encontro em Budapeste, Zelensky respondeu: “Não sei”, e afirmou que a possibilidade de a Ucrânia dispor de Tomahawks teria deixado a Rússia “assustada, porque é uma arma poderosa”. Sobre seu nível de otimismo quanto a conseguir os mísseis, disse: “Sou realista.”
Zelensky também acolheu a proposta de Trump de interromper os combates ao longo da linha de frente atual. “Temos que parar onde estamos; ele está certo, o presidente está certo”, declarou, acrescentando que o passo seguinte seria negociar. Posteriormente, em publicação na X, Zelensky relatou ter informado líderes europeus sobre o teor do encontro e disse que a prioridade é “proteger o maior número possível de vidas, garantir a segurança da Ucrânia e fortalecer a Europa”.
I spoke with our European partners – the leaders of the United Kingdom @Keir_Starmer, Germany @bundeskanzler, Italy @GiorgiaMeloni, Finland @alexstubb, Norway @jonasgahrstore, and Poland @donaldtusk, as well as with the heads of the European Union @vonderleyen, @eucopresident and… pic.twitter.com/DQOvLsdN90
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) October 17, 2025
Putin advertiu que a medida agravaria as relações entre Rússia e Estados Unidos. Na quinta-feira anterior, afirmou que houve “grande progresso” na ligação telefônica com Putin e que ambos concordaram em realizar um encontro presencial na Hungria, sem data definida. Questionado se temia que Putin estivesse apenas ganhando tempo com esse novo cúpula, Trump respondeu: “Eu sou.”
O que são os mísseis Tomahawk?
Os Tomahawk são mísseis de cruzeiro de ataque ao solo, usados pela primeira vez em combate em 1991, geralmente lançados a partir do mar para atingir alvos de profundidade. A versão de maior alcance, com capacidade nuclear, entrou em serviço em 1983 e teve alcance de até 2.500 km; variantes convencionais modernas alcançam cerca de 1.600 km e voam em velocidade aproximada de 550 mph (cerca de 885 km/h). Medem 6,1 metros, têm envergadura de 2,5 metros, pesam cerca de 1.510 kg e custam aproximadamente US$ 1,3 milhão por unidade.
Por que a Ucrânia os quer?
O fornecimento de Tomahawks ampliaria a capacidade de ataque da Ucrânia, permitindo atingir alvos profundos em território russo — bases, centros logísticos, aeródromos e centros de comando — com munições de alta precisão. Institutos de análise de conflito estimam que centenas de alvos militares russos estariam dentro do alcance desses mísseis. Autoridades ucranianas afirmam que essa capacidade pressionaria Vladimir Putin a levar mais a sério apelos para negociações diretas. O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radosław Sikorski, declarou que, devido à extensão do território russo, a cobertura de defesa aérea é dificultada, o que torna os Tomahawks particularmente eficazes.