Por saúde, Zambelli aceitaria cumprir pena no Brasil, diz advogado

Atualizado em 16 de agosto de 2025 às 8:30
Carla Zambelli, bolsonarista atualmente presa na Itália. Foto: reprodução

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), presa na Itália desde 29 de julho, não se opõe a cumprir pena no Brasil, mas questiona a imparcialidade do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo seu advogado, Fabio Pagnozzi. Em entrevista ao “Estúdio i”, da GloboNews, na última sexta-feira (15), o defensor afirmou que a parlamentar busca um julgamento justo, longe do que classifica como “penas exorbitantes e ideológicas” da Corte.

“Ela não se opõe a cumprir pena no Brasil, o que a Carla sempre disse é que ela quer estar em um país que ela pode ser julgada por pessoas imparciais. Então, o momento atual do governo aqui é onde a Carla não quer ser julgada ou cumprir pena. Ela foge, hoje, realmente das penas exorbitantes e penas ideológicas do Supremo Tribunal Federal”, declarou Pagnozzi.

O advogado destacou que a saúde frágil de Zambelli é um dos principais argumentos para que ela não permaneça em carceragem. A deputada passou mal durante uma audiência na Itália no dia 13 e teve autorização para realizar uma perícia médica independente, paralela à avaliação oficial. O objetivo é conseguir a prisão domiciliar.

“A questão de saúde é a número 1. A deputada, como todos sabem, ela tem inúmeros problemas de saúde, dentre eles problema de coração, ela retirou um tumor do cérebro anos atrás. São, realmente, vários problemas que não são compatíveis com a carceragem”, afirmou Pagnozzi.

Julgamento por perseguição armada pode somar mais de 5 anos de prisão

Também na sexta, o STF retomou o julgamento de Zambelli por perseguição armada ao jornalista Luan Araújo na véspera do segundo turno das eleições de 2022, quando Jair Bolsonaro (PL) perdeu o pleito para Lula (PT). O caso, relatado pelo ministro Gilmar Mendes, envolve os crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.

A Corte tem maioria para condenar a deputada a 5 anos e 3 meses de prisão, além da cassação de seu mandato. Ministros como Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Dias Toffoli acompanharam o relator.

Zambelli já foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão em regime fechado no caso da invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão, que também inclui perda de mandato e inelegibilidade, é definitiva e sem possibilidade de recursos.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a deputada orientou o hacker Walter Delgatti Neto a invadir o sistema do CNJ para inserir documentos falsos, incluindo um suposto mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

A ação teria como objetivo desacreditar a Justiça e incitar atos antidemocráticos. Delgatti foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão, e ambos foram multados em R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.