Destaques

Por trás da força-tarefa se escondia uma gangue judicial. Por Jeferson Miola

Ilustrações: Aroeira e a blitz no TRF4 e Aroeira com o TRF de quatro. (Foto: Reprodução/ Jeferson Miolo)

Por trás da formalidade da força-tarefa da Lava Jato se escondia uma verdadeira gangue judicial. Uma gangue que se organizava e atuava em moldes mafiosos.

Uma sociedade secreta, integrada por elementos da elite que tinham identidades intestinas entre si.

Ali coexistiam laços familiares, societários, de consogros, de amizade e, sobretudo, de compartilhamento de uma cosmovisão fascista, ultradireitista e antipetista de mundo.

Nada a ver com um estamento jurídico estatal.

Assim como na época do embolorado anticomunismo da Guerra Fria, a retórica falsa-moralista de combate à corrupção escamoteava, para os desavisados, os reais propósitos político-ideológicos e de benefícios materiais da “Operação”.

A força-tarefa – ou organização criminosa, como Gilmar Mendes batizou a Lava Jato – tinha sede na “República de Curitiba”.

E de lá fazia um grande marketing nacional.

E, também, um marketing internacional. Tanto que, ironicamente, acabou sendo mundialmente considerada como o maior escândalo de corrupção judicial da história.

Um outdoor ufanista instalado por um colega/comparsa de Deltan Dallagnol recepcionava os incautos que desembarcavam no aeroporto da capital paranaense com uma mensagem alvissareira dos embusteiros: “Bem-vindo à República de Curitiba. Terra da Operação Lava Jato, a investigação que mudou o país. Aqui a lei se cumpre”.

Em Porto Alegre, no TRF4, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, operava a sucursal da gangue, onde desembargadores amigos e compadres agiam em conluio e em azeitada sincronicidade com a matriz na condenação ilegal e criminosa do Lula.

A gangue tinha, ainda, ramificações orgânicas em tribunais superiores e nas altas esferas do Ministério Público e da Polícia Federal.

Claro que esta engrenagem criminosa só pôde funcionar como funcionou e só conseguiu produzir o desastre e a barbárie que produziu porque teve apoio material, econômico e propagandístico das classes dominantes, da mídia hegemônica, empresários, militares, políticos e etc – o que inclui os Departamentos de Estado e de Justiça dos EUA.

Está claríssimo, portanto, que a gangue não agiu sozinha e não foi tão longe só com pernas próprias.

Por isso o julgamento da gangue da Lava Jato deverá ser, também, o julgamento dos cúmplices dessa farsa terrível que jogou o Brasil no precipício.

Os meios de comunicação, por exemplo, poderão pagar sua dívida pelo crime cometido contra a democracia fazendo uma sincera autocrítica.

Essa autocrítica midiática, para ser sincera, deverá se materializar na forma de um compromisso com a reconstrução da verdade factual com as idênticas carga e intensidade simbólica dedicadas ao bombardeio fracassado, feito para causar a derrota semiótica do Lula, do PT e da esquerda.

No banco dos réus, portanto, deverá haver espaço de tamanho suficiente o bastante para acomodar, lado a lado, as empresas de comunicação, políticos, empresários e militares com os notáveis da gangue – Moro, Dallagnol, Gabriela Hardt, Malucelli, Delegada Érika, Carlos Fernando, Zucolotto, Pozzobon, Januário e quejandos.

Originalmente Publicado no blog do Jeferson Miola

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link
Jeferson Miola

Articulista

Disqus Comments Loading...
Share
Published by
Jeferson Miola

Recent Posts

Erika Hilton aciona MPF contra pastor que revelou ter beijado própria filha

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) acionou o Ministério Público Federal (MPF) contra o pastor…

36 minutos ago

“Alma amava o Brasil”, diz amiga de israelense encontrada morta no Rio

A jovem israelense Alma Bohadana, que foi encontrada morta na noite de segunda-feira (6) na…

1 hora ago

Oposição quer levar caso da Sabesp ao STF após Justiça manter votação em SP

Os partidos de oposição planejam apresentar uma ADI ao STF após o Tribunal de Justiça…

1 hora ago

Sumido, Mourão reaparece para sugerir GLO Eduardo Leite

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) disse que conversou com o governador do Rio Grande do…

2 horas ago

“Vai acontecer com frequência”, diz Carlos Nobre sobre crises climáticas como do RS

Em entrevista concedida ao DW Brasil, o climatologista Carlos Nobre, cuja carreira foi construída no…

2 horas ago

A arapuca que direita gaúcha gostaria de armar para Lula. Por Moisés Mendes

Publicado originalmente no "Blog do Moisés Mendes" É romântica, altruísta e algumas vezes oportunista a…

2 horas ago