Positiva, mas insuficiente: a avaliação do governo Lula ao corte de tarifas dos EUA

Atualizado em 14 de novembro de 2025 às 22:18

O governo brasileiro avaliou como positiva, mas insuficiente, a redução anunciada pelos Estados Unidos sobre tarifas aplicadas a commodities agrícolas. A taxa sobre produtos como carne bovina, café, banana e açaí caiu de 50% para 40% nesta sexta-feira (14). A medida foi comunicada pela administração de Donald Trump. Com informações do Globo.

Técnicos do governo afirmaram que a diminuição representa avanço, mas não atende integralmente às propostas apresentadas pelo Brasil nas negociações recentes. A equipe econômica considera que a redução parcial ainda mantém impacto relevante sobre cadeias produtivas que exportam ao mercado norte-americano.

A Casa Branca informou que a decisão integra um conjunto de ajustes destinados a itens cuja oferta interna nos Estados Unidos é considerada insuficiente. Entre os produtos mencionados estão cocos, nozes, abacates e abacaxis, além das commodities exportadas pelo Brasil.

A redução das tarifas entrou em vigor de forma retroativa a partir de 13 de novembro, segundo documentos disponibilizados pela administração norte-americana. A medida vale para todos os países fornecedores e não é específica para o Brasil.

Mauro Vieira e Marco Rubio. Foto: reprodução

O anúncio ocorreu um dia após encontro entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio. O governo brasileiro havia encaminhado, no início do mês, uma proposta de acordo provisório para a revisão das tarifas.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil buscou a suspensão temporária do tarifaço de 50% aplicado desde agosto e o fim de restrições diplomáticas impostas a autoridades brasileiras e familiares. A redução anunciada não contempla esses pontos.

Dados recentes apontam que café e carne bovina estão entre os principais produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos. Em 2024, o café somou US$ 1,89 bilhão em exportações, enquanto a carne bovina alcançou US$ 885 milhões.

A decisão foi tomada após contatos frequentes entre representantes dos dois governos. Lula e Trump haviam se encontrado pessoalmente em Kuala Lumpur, durante a cúpula da ASEAN, em outubro, e mantiveram conversas telefônicas nos meses anteriores.

A pressão também partiu de setores norte-americanos, incluindo varejistas, importadores de café e frigoríficos. Entidades como a National Coffee Association relataram aumento de custos e dificuldades de abastecimento desde a aplicação do tarifaço.

A redução parcial das tarifas permanece válida enquanto prosseguem as negociações entre Brasil e Estados Unidos. O governo brasileiro aguarda novos posicionamentos para avaliar eventuais avanços em relação às solicitações apresentadas.