Posse de Bolsonaro terá amigos de pescaria, cunhados e pastor que foi preso, mas não o Queiroz. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 24 de dezembro de 2018 às 10:04
Bolsonaro e o amigo de pescaria Queiroz: ausente da posse

A ausência mais lembrada da lista de convidados para a posse de Jair Bolsonaro é a de Fabrício Queiroz.

O ex-assessor de Flávio Bolsonaro pilhado pelo Coaf com movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão, amigo de Jair há 34 anos, não faz parte do rol de 140 nomes da cerimônia de 1º de janeiro.

Entre os esperados em Brasília estão antigos parceiros de pescaria e líderes religiosos, mas não o PM.

A família comparecerá em peso. A mãe, Olinda, de 89 anos, Renato, único irmão do presidente eleito, filhos, noras, cunhados, netos e sobrinhos.

Renato Bolsonaro, aliás, foi exonerado em 2016 da função de assessor especial parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo.

No cargo havia três anos, recebia R$ 17 mil mensais, mas não aparecia para trabalhar.

Silas Malafaia e Valdemiro Santiago (da Igreja Mundial do Poder de Deus) confirmaram presença.

Em 2003, Valdemiro foi preso por porte ilegal de armas. Tinha uma escopeta, duas carabinas e munição. Alegou que estavam sendo levadas para um amigo.

O homem é um fenômeno.

Em 2014, a Mundial teve bens retidos pela Justiça por causa de dívida de R$ 10 milhões com a Rede Bandeirantes.

O juiz citou, à época, o “absurdo número de processos” a que ela respondia, “grande parte deles por inadimplência”, o que apontaria para uma “irremediável insolvência” da instituição, sem contar “o grande número de restrições de créditos diversas”.

Cartas enviadas a fiéis pediam que eles se passassem por “enfermos curados, ex-dependentes químicos e aleijados” para que as pessoas se compadecessem e doassem dinheiro para a aquisição de um canal de TV.

Em 2017, Valdemiro foi esfaqueado (como o chegado Jair) num templo. Pediu R$ 8 milhões às ovelhas.

Está vendendo “chaves ungidas” por R$ 300 reais para o povo entrar em 2019 “abençoado por Deus”.

Bolsonaro deve ganhar uma de presente.

Ao seu lado estará o presidente da Igreja Batista Atitude Central da Barra, frequentada por Michelle Bolsonaro, Josué Valandro Junior.

Valandro, sua organização e um pastor estão sendo processados pelo sumiço de R$ 700 mil de uma fiel. 

Não poderia estar fora do convescote o dono da Igreja Universal, Edir Macedo, que o mundo sabe quem é.

A Agência Brasil informa que 60 delegações estrangeiras devem prestigiar a festa.

As presenças já confirmadas são de presidentes de países vizinhos, como Maurício Macri (Argentina), Sebastián Piñera (Chile), Mario Abdo Benítez (Paraguai), Tabaré Vázquez (Uruguai), Iván Duque Márquez (Colômbia) e Marín Vizcarra (Peru).

Também vão desembarcar em Brasília o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, além do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

Maduro e Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, foram desconvidados.

O único assunto da noite, obviamente: cadê o Queiroz?