Pouca gente teria acesso aos Vingadores se não fosse o paspalho do Rio. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 12 de setembro de 2019 às 7:51

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O imbecil denominado Marcelo Crivella mandou seus rinocerontes – munidos de crachá, pança avantajada e indefectíveis óculos escuros – vasculharem cada prateleira, cada gaveta e cada latrina da Bienal do Livro do Rio de Janeiro. A missão: buscar obras que conspurquem nossa infância e nossa juventude. Na lista, além de álbuns com temática LGBT, devem estar mamadeiras de piroca, kits gay e pesquisas acadêmicas de Filosofia e Ciências Sociais.

Não longe dali, a infância e a juventude estão sendo conspurcadas pela miséria, pela falta de emprego dos pais, por escolas sucateadas e pela brutalidade assassina da PM comandada por Adolf Witzel.

Mas isso é detalhe. O que torna tudo conspurcável é veadagem impressa, como devem pensar os hidrófobos que o alcaide medieval soltou na feira.

O que Crivella e torquemadas como ele não esperavam é a difusão dos quadrinhos dos Vingadores. O beijo afetuoso dos personagens está agora em todas as redes e em todas as telas.

O mercado de quadrinhos se elitizou nos últimos 30 anos. Antes, comprava-se gibis impressos em papel jornal nas bancas pelo preço de uma passagem de ônibus. As tiragens não raro passavam dos 500 mil exemplares.

Seguindo uma tendência do mercado dos Estados Unidos, os gibis se tornaram álbuns luxuosos, com papel de alta qualidade, capa dura e são comercializados nas cultuadas comic shops.. Cada exemplar custa em média R$ 50, as tiragens raramente alcançam 3 mil exemplares e cada um vem embalado em plástico inviolável. Acabou a festa da garotada ler em pé nas bancas, sob o olhar invocado do dono.

Pouquíssima gente teria acesso à “Vingadores, a cruzada das crianças” não fosse o paspalho que administra o Rio de Janeiro botar a boca no mundo. Ninguém veria o pecaminoso beijo entre dois rapazes a céu aberto.

O imbecil deve estar feliz. A cena agora está na tela de todo mundo em toda parte. Até aqui.

Mande recolher celulares, laptops, tablets e tudo o mais, prefeito Crivella! Vamos combater o pecado.

Fascista energúmenol!