Publicado originalmente no blog do autor
Por Moisés Mendes
O dia termina sem grandes repercussões em torno do artigo de Hamilton Mourão no Estadão, em que tenta orientar a imprensa, ataca o poder de governadores e prefeitos, alinha-se ao pensamento de Bolsonaro e fala em caos.
O trecho dedicado à imprensa não é o de um general que virou político, mas de um político que pretende deixar claro que ainda é general, apesar do tom aparentemente cordial.
“A imprensa, a grande instituição da opinião, precisa rever seus procedimentos nesta calamidade que vivemos. Opiniões distintas, contrárias e favoráveis ao governo, tanto sobre o isolamento como a retomada da economia, enfim, sobre o enfrentamento da crise, devem ter o mesmo espaço nos principais veículos de comunicação. Sem isso teremos descrédito e reação, deteriorando-se o ambiente de convivência e tolerância que deve vigorar numa democracia.”
E tem o trecho que fala de risco de caos, como cenário ou como ameaça:
“Para esse mal (referindo-se à pandemia) nenhum país do mundo tem solução imediata, cada qual procura enfrentá-lo de acordo com a sua realidade. Mas nenhum vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil. Um estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez, está levando o País ao caos”.
A verdade é que ninguém deu muita bola para o artigo de Mourão.
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QUE NEGÓCIO É ESSE?
O jornalismo terá fracassado se não descobrir as conexões de Bolsonaro e dos filhos com os vendedores de cloroquina.
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MORO PROTEGIDO
A Globo inovou hoje aos divulgar uma troca de mensagens entre a deputada Carla Zambelli e Sergio Moro.
Nos trechos comprometedores, só apareceram no Jornal Nacional as mensagens da deputada.
Não há diálogo. Moro foi protegido e só apareceu para dizer que não está à venda.
É um diálogo em que só um fala.
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VOLTEM A DANÇAR
A controvérsia sobre a dança da morte no restaurante de Gramado (não vou dar o nome de novo) se resolve com facilidade.
Se os personagens da dança acham que estão certos, é só manter a dança como atração do local. E chamar os clientes que fizeram a figuração.
Se admitem que erraram, que peçam desculpas. Mas esse não é um gesto fácil para dançarinos vacilões e isentões.
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AINDA OS LAUDOS
Mais perguntas sobre os exames de coronavírus de Bolsonaro. Além dos três testes feitos com codinome, Bolsonaro pode ter mandado fazer outros testes, que não apareceram?
Ele poderia, nas três datas, ter realizado outros testes? Uma hipótese: o sangue de Bolsonaro não poderia ter ido para o laboratório junto com o sangue de outra pessoa, nos mesmos dias e também com codinomes?
O teste de Bolsonaro poderia dar positivo, e outro, com outro codinome, poderia dar negativo. Para divulgação, seria usado o teste que deu negativo, claro.
Em todos os testes seriam usados, além dos codinomes, o CPF, o RG e a data de nascimento de Bolsonaro.
Parece uma hipótese meia maluca. Mas o que pode ser certo num governo que manda o presidente fazer testes com codinomes?
Com mais um detalhe que já apareceu ontem. O terceiro teste, que tem apenas o número 5 (que chegaram a anunciar como 05, numa sequência dos números do garotos), não tem nenhum dado de Bolsonaro, nem RG nem CPF.