Povo na rua é um perigo, seu Temer. Por José Cássio

Atualizado em 5 de setembro de 2016 às 1:33
Jaqueline e Karen
Jaqueline e Karen

 

O público que foi à Paulista protestar contra Michel Temer não deixa dúvida: o presidente não terá dias tranquilos nesta sua  passagem pelo Palácio do Planalto.

Formado basicamente por jovens, bonitos e bem instruídos, eles querem a saída imediata de Temer e a convocação de eleições diretas “para ontem”.

É o caso do publicitário André Fernandes, que protestava junto com as amigas Cora Rodrigues e Marcela Marraton.

“Não reconhecemos Temer como presidente do país”, disse André. “A única saída é a convocação de novas eleições”.

Os três amigos aderiram aos protestos porque acreditam que o povo na rua é o melhor instrumento de transformação. Começaram nas passeatas de junho de 2013, mas abandonaram quando perceberam que o movimento havia caído nas mãos de grupos de direita.

André, Cora e Marcela votaram em Luciana Genro no primeiro turno, em 2014, e no segundo em Dilma. Moradores da região da avenida Paulista, estão dispostos a engrossar as manifestações até verem Temer fora do poder.

Jaqueline Novaes e a prima Karen de Souza improvisaram uma máscara cirúrgica com o adesivo #ForaTemer.

“Ficamos com raiva quando, nas Olimpíadas, ele tentou calar os brasileiros”, disse Jaqueline. “Não aceitamos um governo golpista e usurpador”, continuou Karen.

Ambas também defendem eleições gerais e dizem que, hoje, votariam em Lula. “É a garantia de que não vão retirar os direitos sociais”, afirmou Jaqueline.

André Fernandes e amigas
André Fernandes e amigas

 

O metalúrgico Pedro Santino veio de Sumaré com a mulher, a mãe e a filha, Nina, de oito meses.

“O que está se organizando é um golpe aos direitos dos trabalhadores”, disse Pedro. “Não é possível que os brasileiros aceitem tamanho retrocesso”.

Pergunto se não teme pela integridade física da pequena Nina, num ambiente tão caótico.

“É preciso coragem para enfrentar”, disse Pedro. “Hoje eles coíbem uma manifestação, amanhã pode ser outra coisa. Não tenho dúvidas de que, se não enfrentarmos com firmeza o governo golpista, as coisas tendem a piorar e podemos caminhar para uma ditadura”.

No Largo da Batata, quatro ex-colegas do colégio Guaraci Silveira, Luiz Henrique, Mariana Oliveira, Giovana Menezes, e Caique Cauê, diziam estar dispostos a engrossar as manifestações até alcançarem o que desejam.

“Vamos até o fim: Temer fora da presidência e eleições diretas já”, comentou Luiz Henrique.

A próxima manifestação já tem dada agendada: será no final da tarde de quinta-feira, dia 8, no Largo da Batata.

Em junho de 2013 também foi assim. O movimento começou tímido e foi crescendo até varrer o país e mudar para sempre a história dos grandes protestos políticos.

Os líderes de direita acampados na porta da Fiesp, na Paulista, e que batalham pelo fim da corrupção, também não engolem Temer e seu séquito de enrolados na Justiça.

Há quem diga que estão ávidos para engrossar o coro dos descontentes.

Temer que se cuide. Não demora e a casa cai pra ele, pode escrever. Povo na rua é um perigo.

Pedro Santino, a mãe e a filha Nina
Pedro Santino, a mãe e a filha Nina