Precarização do ensino com vistas ao lucro fácil é um risco real. Por Jean Wyllys

Atualizado em 24 de abril de 2018 às 10:47

Publicado originalmente no Facebook do autor

POR JEAN WYLLYS, deputado federal

KROTON EDUCACIONAL COMPROU O CENTRO EDUCACIONAL LEONARDO DA VINCI, EM VITÓRIA (ES) (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Em 2013, a Kroton Educacional se fundia a outra gigante do mercado do ensino superior privado, a Anhanguera Educacional, com a intenção de formar o maior grupo educacional do mundo, com 12 bilhões de reais em capital e um milhão de alunos.

Outra fusão, com a Estácio, então vice-líder do mercado, foi negada pelo Cade pelo risco de monopólio que a operação representava. Uma voracidade ímpar mesmo em países ricos, e que vem chamando a atenção ano após ano.

Agora, a Kroton volta a atacar, porém no mercado de ensino básico. Por 4,6 bilhões, arrematou a Somos Educação, até então considerada o maior grupo de educação básica do país, e dona das editoras Ática, Scipione e Saraiva, do colégio e do pré-vestibular Anglo, da escola de inglês Red Ballon, entre vários outros.

Há ainda o anúncio da compra do Colégio Leonardo da Vinci, por valor não divulgado, mas as operações ainda dependem de autorização do Cade. Tudo para garfar um mercado que, estima-se, movimente 101 bilhões de reais ao ano.

Ainda lá em 2013, quando realizamos uma audiência pública com representantes da Kroton, comentei no programa Palavra Aberta, da TV Câmara, os riscos da fusão das gigantes do ensino superior. Os argumentos que levantei ali – eu sou professor e até há alguns anos, dava aulas em uma faculdade privada! – continuam válidos e precisam ser, mais que nunca, discutidos.

A precarização do ensino com vistas ao lucro fácil é um risco real e há anos vem produzindo uma legião de recém-formados que, a despeito dos valores empenhados, ainda são analfabetos funcionais.

O debate precisa, urgentemente, voltar à pauta!